A unidade da General Motors (GM) de São Caetano do Sul, comunicou seus funcionários sobre um possível fechamento da fábrica, na última sexta-feira (18).
Para manter a GM na cidade, o prefeito de São Caetano do Sul, José Auricchio Júnior, vai se reunir na próxima terça-feira (22) com a direção da empresa, para tratar do possível fechamento.
Além dessa unidade, a empresa pode fechar as fábricas de São José dos Campos e também a da Argentina.
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A fabricante alega prejuízos e disse que fará uma reestruturação para recuperar as perdas. Desta forma, cerca de 8,5 mil postos de trabalhos serão encerrados.
Comunicado aos funcionários
Confira parte do texto ao qual o “Terra” obteve acesso:
“A GM no Brasil teve um prejuízo agregado significativo no período de 2016 a 2018, que NÃO PODE SE REPETIR. 2019 será um ano decisivo para nossa história. O Comitê Executivo do Mercosul está fortemente comprometido para reverter esta situação de forma imediata e definitiva. Vivemos um momento crítico que vai exigir importantes sacrifícios de TODOS. O Comitê Executivo do Mercosul desenvolveu um plano de viabilidade que foi apresentado para nossa liderança global em Detroit. Esse plano requer apoio do governo, concessionários, empregados, sindicatos e fornecedores. Do sucesso deste plano dependem os investimentos da GM e o nosso futuro.”
Desta forma, o memorando é semelhante ao discurso da presidente-executiva, Mary Barra, em Detroit, onde afirma que não pode haver investimentos sem retorno de capital. “Não vamos continuar empregando capital para perder dinheiro”
Resposta da Confederação dos Metalúrgicos
Em nota, a Confederação Nacional dos Tralhadores Metalúrgicos (CNTM/Força) rebate o comunicado do presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, em relação a situação crítica da empresa.
De acordo com a Confederação, o posicionamento da empresa “contradiz com a realidade, visto que a GM anunciou um lucro global superior a 2,5 bilhões de dólares, o equivalente a R$ 10 bilhões, no último trimestre, e é líder de vendas na região”.
O CNTM afirma que a ação da fabricante é uma forma de se aproveitar do momento para se reestruturar, realizar demissões e fechar algumas plantas, assim como foi anunciado nos EUA e Canadá.
“Não aceitamos que a situação seja utilizada para reduzir mais direitos, nem demissões ou o fechamento de fábricas. Defendemos os empregos e queremos estabilidade!”, informa a nota.
Além disso, a Confederação informou que se reunirá com os representantes da empresa, na próxima terça-feira (22).
Medidas já tomadas pelo governo
O ex-presidente Michel Temer, havia sancionado um incentivo para montadoras no Brasil ainda em 2018.
O programa foi nomeado como: Rota 2030
Desta forma, o então presidente vetou os artigos que isentavam do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), peças como chassis, partes e peças.
Além disso, outras matérias primas para o setor que fossem importadores por terceiros sob encomenda das fábricas, foram isentos.
GM no Brasil e dívida de 2011
Mesmo liderando o mercado desde 2016, o presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, afirmou que a empresa passa por “um momento crítico que exige sacrifícios de todos”.
A renovação da frota da fabricante de veículos no Brasil foi iniciada há seis anos. No entanto, a montadora recebia ajuda do governo de Obama quando estava quase falindo.
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De acordo com a empresa, agora, acontecerá uma renovação global na linha de produtos em plataforma unificada.
A China é o principal destino, onde já estão saindo do papel os novos Onix, Prisma e Tracker.
Desta forma, o Brasil pode virar protagonista nos novos desenvolvimentos, mesmo com a perda de prestígio dos setores de criação da GM nacional.
No entanto, caso não apareçam bons resultados, a fabricante de automóveis nacional pode continuar abaixo dos outros mercados em que a General Motors atua.
Além disso, a empresa ainda precisa pagar os investimentos feitos na última renovação de veículos, entre 2011 e 2012. A filial da GM sul-americana tem sido pressionada pela matriz.