No app Glorify, pandemia aproximou religião, meditação e tecnologia

Se o digital parece que veio para complementar a vida cotidiana, não demoraria para que a religião também seguisse o mesmo caminho. Com cerca de 87% da sua população cristã, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil se mostrou uma terra fértil para o desembarque em terras tupiniquins do Glorify, um aplicativo britânico que “cria espaço e estrutura para que seus usuários se conectem com Deus e sua comunidade todos os dia”.

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O Glorify oferece leituras diárias da Bíblia escolhidas a dedo, meditação guiada, música de adoração e espaço para reflexão e oração. Enquanto que, em inglês, o app possui 175 mil usuários, em português o Glorify deve atingir, nos próximos meses, cerca de 500 mil downloads desde a estreia no País, no começo de 2020.

A aceitação do aplicativo surpreendeu a gestão, mesmo com as características religiosas já conhecidas dos brasileiros. “Esperávamos uma boa aceitação, mas o resultado surpreendeu. Acho que devido ao fato de o brasileiro ser mais ligado ao relacional, de pessoas indicando às outras, tivemos esse resultado. Isso não tinha sido previsto de uma forma tão positiva e nos surpreendemos”, disse Nando Souza, head do Glorify Brasil.

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Parte do resultado do Glorify, fundado pelos britânicos Henry Costa e Ed Beccle, também veio a partir da pandemia causada pelo novo coronavírus (covid-19). Com o fechamento de templos e igrejas, a avenida ficou ainda mais aberta para migração da fé para o mundo digital.

“Esse fechamento de vias tradicionais e costumeiras forçou as pessoas a buscarem alternativas digitais. Então acho que a pandemia mudou a forma que a gente se conecta. Claro que como bons brasileiros a gente sente falta do café na casa dos amigos, mas todos nós descobrimos novos caminhos de vivermos fé, amizade, por meio de um aplicativo também”, afirmou Souza, que lidera uma equipe de cerca de 20 pessoas no Brasil.

Apesar de alguns aplicativos serem referência em saúde mental, como o Calm ou o Headspace, o Glorify não se considera concorrente direto dessas healthtechs.

“Nenhum deles se baseia na premissa da fé. A parte de meditação é um termo comum entre os cristãos, o cristão medita na palavra de Deus. Então, de certa forma, eles são benchmarks, mas nos mostraram que havia uma lacuna muito grande, sim, nesse segmento”, disse o head da companhia no País.

Desafio agora é rentabilizar o Glorify

Se a aceitação da mistura de tecnologia e religião vem fazendo sucesso, o próximo passo agora é conseguir monetizar esse caminho. O Glorify captou três rodadas de investimento para colocar a operação brasileira de pé -mas não revela o tamanho do montante- e afirma que o valuation da companhia dobrou a cada rodada.

Há ainda a expectativa de mais uma captação ao fim de 2022, mas o próximo passo é fazer o aplicativo rentável – o que hoje ainda não acontece. Por isso, já testa a oferta de um braço que cobraria R$ 14,99 mensais ou R$ 149 anuais para um aplicativo premium, com áudios temos gravados por embaixadores escolhidos pelo Glorify, por exemplo.

Já em relação à possibilidade de utilizar publicidade no meio ao aplicativo, caminho complementar a assinatura, Nando Souza afirma que, apesar de ser objeto de estudo, ainda não está nos planos da companhia.

“Nosso estudo mostra que é um bom valor. Já sobre publicidade, ainda estamos estudando. A ideia é que o app seja simples, não poluído, e não queremos fechar nenhum tipo de parceria publicitária que venha trair a simplicidade do app”, disse.

“Tem até algumas avenidas que a gente começou a percorrer, mas não temos pressa pois temos uma base de investimento bem segura, suportando operação por tempo longo”, completou o head do Glorify, que deve lançar a versão em espanhol do app ainda neste ano.

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Vinicius Pereira

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