Segundo números da Pesquisa Nacional de Domicílios, oito em cada dez famílias de classe média perderam renda durante a pandemia. Por outro lado, as contas continuam chegando e a demanda por crédito não caiu. A GlooPay, startup de crédito compartilhado, quer popularizar a ferramenta e aposta em parcerias com grandes varejistas.
Com três mil usuários ativos e mais de 200 grupos criados, a empresa projeta terminar o ano que vem com mais de sete mil clientes. Fundada em 2018, a GlooPay cresceu 306% durante a pandemia e diz ter suas atenções voltadas à “redução de burocracias e eliminação de taxa abusivas” nos produtos de crédito.
“A fintech nasceu buscando empoderar e conectar pessoas, possibilitando compras de forma fácil, simples e segura”, disse o CEO Lernardo Lacerda ao Suno Notícias.
O modelo da empresa consiste em um grupo de pessoas que partilham da mesma necessidade ou desejo e se juntam para realizar uma compra.
Assim, a empresa gerencia a equipe de forma que todos recebam seus boletos e que a cada mês um integrante do grupo seja contemplado.
O pagamento é realizado de forma conjunta, mês a mês, em parcelas divididas pelo número de participantes. Assim, os integrantes, que podem ser considerados negativados pela indústria tradicional, pagam os boletos sem juros. São três tipos de grupo:
- Grupo de produtos: os integrantes são conectados por um parceiro do varejo via integração com VTEX. O foco é na venda de bens de consumo para clientes B2C;
- Grupo de vakinha: realizado entre GlooPay e o usuário com prêmio pago em dinheiro. Foco no B2C;
- Grupo de voucher: realizado diretamente entre parceiros B2B e seus clientes B2C.
O passo a passo é o seguinte: cria-se um grupo de 10 pessoas, com base de R$ 3 mil; cada pessoa paga um boleto mensal de R$ 300; com o montante, a empresa retira a taxa devida (cerca de 10%); vai a um parceiro e compra o produto.
No grupo, os integrantes farão um sorteio para ver quem receberá o item. O vencedor sendo declarado, a empresa indica ao parceiro o endereço para que o item seja entregue.
Lacerda se mostra otimista. “Vamos crescer cada vez mais rápido. Queremos nos conectar a um número cada vez maior de varejistas ampliando a oferta do crédito compartilhado para as pessoas”, afirma.
Praticidade é o lema da Gloopay
A GlooPay diz que se diferencia dos outros meios de pagamento parcelados dando ao cliente acesso rápido e prático a todas as informações necessárias.
A empresa quer utilizar sua expertise no mercado de crédito para atacar um segmento deficitário no Brasil.
São cerca de 45 milhões de desbancarizados, cerca de 30% da população adulta brasileira, onde 23 milhões de pessoas têm entre 16 e 34 anos e movimentam R$ 820 bilhões anuais por fora do setor bancário, segundo dados do Banco Central (BC) de 2019. Dos desbancarizados, segundo a empresa:
- 68% tem acesso à internet;
- 62% não tem intenção de abrir conta bancária;
- 49% dizem não confiar nos bancos;
- 86% estão nas classes C, D e E;
- 94% não cursaram ensino superior.
Além disso, cerca de 6,75 milhões dos desbancarizados já conhecem ou participaram de um grupo de crédito compartilhado ou co-financiamento entre amigos.
Uma estimativa realizada pelo BC no ano passado diz que esse grupo deve movimentar R$ 124 bilhões até o final deste ano.
Planos para monetização
A meta de faturamento bruto da GlooPay para este ano fica em torno de R$ 500 mil, o que deve ser facilmente ultrapassado com base no crescimento dos últimos meses. Além dos grupos, outras vertentes de negócio estão sendo monitoradas.
Uma das ideias é criar monetização com uma operação B2B2C (business to business to consumer).
“Por exemplo, com uma parceria com uma instituição financeira. Ela oferece o nosso produto para levantar os recursos para um grupo que precisa, e então nós cobramos uma comissão direta do usuário dessa instituição.”
Parcerias estão sendo costuradas com grandes empresas, como uma relacionada ao mercado de maquininhas e outra uma multinacional francesa de varejo.
Outro produto que está sendo criado é um seguro para o grupo. Quando os criadores do grupo sinalizam que alguém pode não pagar algumas parcelas da campanha, é inserida uma quantia maior nos boletos de cada participante, e o grupo vai pagando.
Se o grupo, em algum momento, não pagar, a empresa faz uso dessa quantia residual. Caso o valor seja pago corretamente, a GlooPay devolve 80% do que foi pago como seguro. “Com isso, geramos um estímulo de recorrência”, diz o CEO.
GlooPay atrai investidores
A GlooPay está com uma rodada de investimentos em aberto, visando receber até R$ 500 mil.
“Estamos com uma rodada em aberto, em negociações com alguns fundos de investimento. Isso deve acontecer entre julho e agosto”, comenta Lacerda.
Neste momento, o investimento deve ser pré-seed, o suficiente para que a companhia continue com sua tendência de forte crescimento nos próximos 18 meses.
A estimativa é que com o aporte desse volume, a empresa consiga entregar resultados de cinco a seis vezes maiores em 2026 do que é possível hoje.
A venda é de R$ 500 mil por 10% da empresa, perfazendo um post-money valuation de R$ 5 milhões. Com esses recursos, a GlooPay investirá em marketing, infraestrutura tecnológica e pessoal.
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