Família de Carlos Ghosn pede proteção diplomática ao Brasil
O ex-presidente da Nissan, Carlos Ghosn, preso desde novembro no Japão, encontra-se em isolamento completo no centro de detenção de Tóquio. O advogado brasileiro do executivo, José Roberto Castro, declarou que a família de Ghosn solicitará que o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) tome medidas.
De acordo com a apuração do Estadão, a imprensa japonesa anunciou que o Carlos Ghosn estava com febre alta. Assim, um interrogatório foi suspendido devido à saúde do executivo.
Motonari Otsuru, o advogado japonês de Ghosn, disse que um médico prestou atendimento ao ex-chefe da Nissan. Otsuru completou dizendo que seu cliente estava “cansado da longa detenção e dos interrogatórios”. O executivo tem 64 anos.
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Carole Ghosn, a esposa do ex-presidente da Nissan, alegou que soube da notícia pelos meios de comunicação.
“Estou suplicando às autoridades japonesas que nos forneçam qualquer informação sobre a saúde do meu marido”, disse Carole à Imprensa.
“Estamos com medo e muito preocupados que sua recuperação seja complicada, enquanto ele continua a suportar condições tão duras e tratamento injusto”, acrescentou a esposa.
Na última terça-feira (08), Ghosn, que entrou algemado na Corte Distrital de Tóquio para dar seu depoimento, aparentava estas mais magro. O executivo exibia fios brancos na raiz de seus cabelos, conforme informaram pessoas presentes na audiência.
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Editorial do WSJ aborda o caso Ghosn
Na última quarta-feira (09) o jornal Wall Street Journal, em editorial, questionou a condução das investigações contra Ghosn. O jornal avaliou o caso Ghosn como um dos “mais estranhos no mundo dos negócios”.
Segundo o WSJ, o longo tempo de prisão do executivo pode ser uma pressão crescente sobre a Renault para que destitua Ghosn de sua presidência.
A Renault tem uma aliança com a Nissan e a Mitsubishi Motors, liderada pelo brasileiro. “Essa aliança incomoda cada vez mais os japoneses; é possível presumir que a inquisição sobre Ghosn seja parte de um esforço japonês para dissolver a aliança montada pelo executivo”, escreveu o jornal.
Ainda de acordo com o WSJ, os procuradores públicos estão acrescentando acusações sem prévia investigação. Assim, conseguem manter preso o executivo, nos termos das leis japonesas.
Em analogia à obra Alice no País das Maravilhas, o jornal americano recorre à lógica da Rainha de Copas, do clássico de Lewis Carroll, para explicar o tratamento que Carlos Ghosn vem recebendo: “primeiro a sentença e depois o veredicto”.