Ibovespa: gestores de fundos projetam índice acima dos 140 mil pontos, mostra pesquisa do BofA
Uma pesquisa realizada pelo Bank of America com gestores de 31 fundos latino-americanos, que administram um total de US$ 72 bilhões em ativos, apontou uma perspectiva otimista em relação ao desempenho do Ibovespa em 2024.
A pesquisa revela um sentimento mais otimista entre os gestores em relação ao mercado local. Aproximadamente, 48% dos entrevistados antecipam que o Ibovespa encerrará 2024 acima dos 140 mil pontos, em comparação com os 16% registrados no mês anterior.
O cenário, mostra o BofA, impulsiona o interesse de 51% dos gestores em aumentar a exposição na bolsa de valores nos próximos seis meses, mantendo-se em linha com os níveis observados na última edição do levantamento.
Os setores preferidos para investimentos são o financeiro, utilities e consumo discricionário. Os respondentes estão mais cautelosos em relação aos setores de materiais, energia e bens de consumo, mantendo uma posição mais conservadora nesses segmentos.
Indicadores técnicos sugerem que os investidores têm espaço para aumentar sua exposição à renda variável local em comparação com os níveis históricos. Aqueles que estão assumindo mais riscos do que o normal representam 16%, abaixo da média histórica de 20%. A proteção contra uma queda acentuada do mercado está sendo adotada por 26% dos investidores, também abaixo da média histórica.
Gestores projetam melhoras nas perspectivas macroeconômicas
Segundo pesquisa do BofA, 51% dos investidores institucionais preveem que a taxa Selic ficará abaixo de 9% no final do ciclo, em comparação com 16% no mês anterior. Com base nisso, 42% acreditam que os investidores individuais retornarão à bolsa com a Selic a 9%, enquanto 35% acreditam que a dinâmica ganhará força com a taxa básica a 10%.
83% esperam que o Produto Interno Bruto (PIB) fique acima de 2% em 2023, e a maioria prevê um crescimento entre 1% e 2% no próximo ano. Quanto ao câmbio, a maioria espera que o dólar encerre 2024 em uma faixa entre R$ 4,81 e R$ 5,10.
No que diz respeito aos desenvolvimentos na agenda econômica, 68% dos participantes acreditam que a mudança no Juro sobre Capital Próprio (JCP) terá um impacto negativo de 10% nos lucros dos bancos. No entanto, 58% afirmam que isso já está precificado nas ações, e 61% esperam um impacto pequeno nos setores não financeiros. Adicionalmente, 35% apontam o setor de consumo discricionário como possivelmente o mais afetado pela reforma tributária.
Ibovespa pode chegar a 160 mil pontos em 2024, diz Santander
Em relatório, o Santander projeta que o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, pode chegar a 160 mil pontos até o fim de 2024, apoiado pela flexibilização monetária local e americana.
O banco lembra que em junho de 2023 já projetava um mercado altista para as ações brasileiras, apoiado no ciclo de flexibilização das taxas de juros no Brasil. “Desde então, o Ibovespa subiu 15%, mas ainda vemos espaço para uma recuperação mais forte com Ibovespa atingindo 160 mil pontos até o final de 2024″, diz o Santander.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou a quarta redução consecutiva da Selic, que chegou a 11,75%. A diminuição dos juros era aguardada de forma consensual pelo mercado e os membros do comitê anteveem cortes da mesma magnitude nas próximas reuniões.
“Nossa visão positiva é baseada em um ciclo de flexibilização contínua do Banco Central (BC), com a taxa Selic atingindo 9,5% até o final de 2024, além da probabilidade crescente de uma aterrisagem suave na economia dos EUA, o que poderia levar o Fed a cortar as taxas na segunda metade do ano que vem”, explica o Santander.
Guide também prevê Ibovespa acima de 140 mil pontos
Analistas da Guide Investimentos estimam que o Ibovespa alcance 155 mil pontos em 2024. A corretora projeta maior crescimento do lucro das empresas em cenário de juros baixo.
“Em nossa visão, o ano de 2024 será marcado por duas discussões principais: queda de juros e desaceleração econômica”, afirma a Guide.
Os analistas citam que historicamente os períodos de quedas de juros são positivos para investimentos, incluindo ações, fundos imobiliários e renda fixa pré-fixada. “Até agora a queda dos juros teve pouco impacto no mercado financeiro. Não vimos crescimento tão expressivo de de recursos nos fundos de ações e fundos multimercados. Acreditamos que esta situação deve mudar em 2024″, cita a Guide, que projeta Selic abaixo de 10%.
Outro ponto relevante para o Ibovespa em 2024, segundo a casa, será a redução de volume de ofertas, em contraste com 2019/20, quando bateram recordes. De acordo com analistas, a quantidade de ofertas pode ter influenciado negativamente o desempenho do mercado nos anos seguintes.
“O que estamos vendo nos últimos anos (2022/23) é exatamente o inverso: as ofertas de ações no Ibovespa “secaram”. As poucas que vieram ao mercado foram de empresas com endividamento elevado ou algum outro problema que forçou uma capitalização”, diz a equipe da Guide.
Valuation e a dinâmica de resultados
Segundo a Guide, o fato de a relação Preço/Lucro do Ibovespa estar perto dos menores patamares da história é um ponto a favor da expectativa de recuperação nos próximos meses.
“Apesar da alta recente do Ibovespa, a relação preço/lucro está em aproximadamente 8x ante uma média histórica de 11x. Acreditamos que com a queda dos juros, a relação preço/lucro deve aumentar em 2024”, projeta a corretora.
Além disso, os lucros das empresas do Ibovespa estão crescendo, o que deve sustentar a recuperação do mercado de ações. A queda dos juros também deve ajudar na redução das despesas financeiras das empresas.