Os fundos imobiliários enfrentam algumas incertezas em 2023, e os gestores dos fundos divergem sobre o que esperar para os principais indicadores macroeconômicos este ano. Alguns veem a taxa de juros em queda, enquanto outros temem que ela continue subindo. Além disso, com incertezas relativas ao equilíbrio fiscal, há possibilidade de grande volatilidade no mercado secundário.
O primeiro mês do ano é prova disso. O IFIX operou em queda na maioria dos dias. Até o fechamento do pregão de ontem (30), o principal índice de fundos imobiliários terminou no acumulado do mês em queda de 1,86%.
Porém, algumas das principais gestoras de FIIs estão otimistas com o mercado em 2023 porque veem bons fundamentos para o setor e fundos baratos em relação ao patrimônio. Em resposta ao Suno Notícias, as gestoras também estimam a recuperação de diversos segmentos do mercado imobiliário e aumento da renda dos FIIs de diferentes setores.
Para entender melhor o que os especialistas esperam do mercado para os próximos meses, veja em detalhes as perspectivas de 7 gestores de fundos imobiliários: CY Capital, Fator, Mogno Capital, REC, TG Core, VBI e XP Asset.
Apesar de um mês difícil, a Cy Capital está confiante no mercado de fundos imobiliários
A CY Capital, responsável pelo FII Cyrela Crédito (CYCR11), acredita que o ano de 2023 tem tudo para ser positivo para os fundos imobiliários.
O grande desafio para o mercado é o controle inflacionário. A gestora acredita que as taxas de juros podem entrar em tendência de queda caso o IPCA esteja “sob controle”. Este movimento será positivo tanto para os fundos de papel quanto para os FIIs de tijolo, que poderão ser reprecificados no mercado secundário.
Gustavo Rassi, sócio da Cy Capital, comenta que o setor imobiliário ganha mais estímulos com taxas de juros mais baixas, pois os custos de financiamento caem. Além disso, os investidores ganham maior confiança para investir além da renda fixa, aumentando o interesse por ativos de risco – incluindo os FIIs.
Fator destaca necessidade de controle da inflação e queda de juros para 2023
A Fator Administradora de Recursos avalia que ainda há incertezas quanto à política macroeconômica para o ano de 2023. O maior problema pode ser uma continuidade no aumento das taxas de juros, o que pode prejudicar o mercado de fundos imobiliários.
Porém, a gestora do VRTA11 acredita que existe uma contrapartida caso a inflação saia do controle, uma vez que os FIIs de papel ficam mais atrativos. Como esses fundos pagam correção monetária ao investidor, os rendimentos podem ficar ainda maiores em 2023.
Para a Mogno, a boa notícia do ano são os fundos imobiliários mais baratos
Para a Mogno Capital, os fundos imobiliário entraram no ano de 2023 sendo negociados com desconto muito grande.
Por outro lado, os fundos estão com bons fundamentos, comenta Daniel Caldeira, gestor dos fundos da casa: “A vacância está baixa, preço de aluguel subindo e ocupação muito boa”.
Ainda assim não há muito motivo para comemorar, principalmente com as indefinições quanto aos indicadores econômicos, principalmente do controle inflacionário. Porém, a Mogno acredita que os dividendos dos fundos imobiliários continuarão atrativos.
Gestor do RECR11 vê 2023 com muito otimismo
Das gestoras que consultados, a REC Gestão de Recursos foi a que se mostrou mais otimista com o mercado. O gestor Moise Politi acredita que neste ano a inflação será controlada, juros entrarão em rota de queda e, de quebra, haverá crescimento econômico. Tudo isso ajudará os fundos imobiliários.
O cenário econômico deve beneficiar tanto no crescimento da renda dos FIIs quanto na valorização das suas cotas no mercado secundário. Inclusive, o gestor do RECR11 comenta que a taxa de juros real está muito elevada e deve sofrer uma redução ainda neste ano.
TG Core reforça boa governança para lidar com incertezas de 2023
A TG Core diz que o ano de 2023 começou com muita volatilidade e segue com incertezas. Mas assim como em 2022, a gestora do TGAR11 acredita que não faltarão oportunidades para os fundos imobiliários que tiverem boa governança.
A gestora acredita que os fundos deverão investir com os devidos cuidados, a partir de um operacional eficiente e com custos controlados. Só assim os desafios do ano poderão se transformar em oportunidades de investimentos.
VBI acredita que o segundo semestre de 2023 será melhor
A VBI Real Estate, gestora do PVBI11, segue cautelosa com o ano de 2023, projetando um cenário de incertezas e volatilidade. Para a gestora, o primeiro semestre o Brasil continuará com taxas de juros elevadas, mas com uma possibilidade de inversão a partir do segundo semestre.
De fato, a inflação não deu sinais de arrefecimento no primeiro mês do ano. Porém, a gestora vê possibilidade de melhora do mercado na segunda metade do ano, com uma janela de investimentos para os fundos imobiliários.
A XP Asset vê ano difícil pela frente
A XP Asset comenta que 2023 não será um ano fácil para os fundos imobiliários. Mas a gestora promete manter seu trabalho de gestão ativa, gerando ainda mais valor aos seus investidores.
A gestora do MXRF11 também comenta que se o governo federal conseguir fazer reformas estruturantes na economia, os juros podem cair, abrindo novas oportunidades de emissões e investimentos.