Gestor se mantém ‘cético’ em relação aos bancos em 2023; veja motivos

Após dois trimestres seguidos de resultados mistos e um contexto macroeconômico de juros mais altos, o gestor da Encore Asset, João Braga, se diz “cético” com o setor de bancos.

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Nesta e na temporada anterior de balanços, o Banco do Brasil (BBAS3) mostrou lucro acima do esperado ao passo que o Bradesco (BBDC4) sangrou com inadimplência e provisões. Braga afirma que, dentro do setor, tem predileção pelo BB e foge de bancos como o Bradesco e o Santander (SANB11), mas que de uma maneira abrangente há um cenário conturbado para o segmento.

O gestor da Encore disse, em entrevista ao Gestão Ativa, quadro semanal do YouTube do Suno Notícias, que sua ‘visão cética’ para o setor em 2023 é resumida em dois pontos, e um deles tem a ver com o patamar atual de juros.

“O pessoal adora falar que banco ganha dinheiro com juro alto, porque o capital de giro dele corrige no CDI; que banqueiro gosta de juro alto. Isso é mais ou menos verdade”, explica.

Segundo o especialista, esta era uma dinâmica observada em décadas passadas, mas que não é replicável no momento atual, dada a maneira que os bancos operam e geram receita.

“Comecei a cobrir bancos em 2004. Na década de 90, eu brinco que os bancos eram ‘fundos DI alavancados’, porque eles captavam a 80% do CDI e emprestavam para o governo a 100% do CDI. Então quando os juros subiam eles ganhavam dinheiro. Depois a década de 2000 foi a década do crédito; quando o crédito cresceu bastante. Aquela época em que o Brasil acelerou pelos 3 C’s, Crédito, Consumo e Commodities, e então veio a última década, que foi a dos fees [taxas/tarifas], receita de prestação de serviço”, relembra.

“Quanto mais foco do banco em outras linhas de receita, melhor para o banco. E aí também tem outra coisa: quando você sobe muito o juro, você arrocha as empresas, tem menos gente tomando crédito e menos fees”, segue.

Nesse aspecto, o especialista destaca que o começo do ano mostrou ‘corpos boiando’ no cenário de grandes empresas, o que evidencia que a saúde financeira e a estabilidade de empresas menores podem estar ainda mais abaladas.

Segundo o gestor, atualmente o setor precisa “torcer para que os juros caiam, e não subam”.

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‘Virada’ na competitividade dos bancos

O segundo ponto citado por Braga é o fato de que cada vez mais os bancos têm mais players concorrentes – e, com uma competitividade maior, há mais probabilidade de perdas permanentes.

“Outro ponto que faz me manter cético é o fato de que nos preocupamos aqui [na gestora] muito com competição que é algo que traz perda consecutiva. Se você pegar um recorte de 50 anos com ‘fim’ há cinco anos, você vê que esse setor só concentrou. A competição ficou mais fácil. Nos últimos cinco anos isso virou, seja pela presença de mais plataformas como a XP (XPBR31), ou pela presença de bancos digitais como o Nubank (NUBR33). Ou seja, a vida dos bancos é mais difícil agora”, analisa.

Apesar disso, destaca que os múltiplos de alguns nomes do setor ainda evidenciam preços bem abaixo da média histórica.

“Para falar sobre um aspecto positivo, desde que eu cubro bancos eu achava que o ‘range’ do Itaú (ITUB4) era de 8x lucro a 12x lucro, sendo que 8x era barato e 12x era caro. Agora está ficando estre 7x e 7,5x. Na teoria está super barato. Com um crescimento projetado menor, mesmo estando barato, acho que tem coisa melhor. Isso no geral; dentro do setor eu prefiro Banco do Brasil (BBAS3) e fujo de Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11)”

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Eduardo Vargas

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