Lucro da Gerdau (GGBR4) desaba 47,9% no balanço do 1T24, para R$ 1,25 bilhão

A Gerdau (GGBR4) informou, em balanço divulgado ao mercado nesta quinta-feira (2), que finalizou o primeiro trimestre de 2024 (1T24) com um lucro líquido ajustado de R$ 1,25 bilhão, marcando uma queda acentuada de 47,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com os três meses imediatamente anteriores, a siderúrgica conseguiu recuperação de 70,1%.

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Segundo a companhia, o 1T24 da Gerdau ainda reflete o excesso de oferta de aço no mercado global, resultando em um ambiente de preços internacionais desafiador. “A alta penetração de produtos importados segue comprometendo os volumes de vendas de aço, principalmente no mercado brasileiro”, acrescentou a siderúrgica no balanço.

No entanto, a companhia aponta também que esse impacto foi parcialmente compensado pelos esforços de redução de custos e pelo desempenho positivo das unidades na América do Norte e de aços especiais.

No período de janeiro a março, a receita líquida da Gerdau alcançou R$ 16,21 bilhões, uma queda de 14,1% em relação ao ano anterior, mas um aumento de 10,2% em comparação com os três meses anteriores.

O Ebitda da Gerdau, que representa o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização, totalizou R$ 3,48 bilhões, uma queda de 30,5% em relação ao ano anterior, apesar do ganho de R$ 808 milhões com a venda das participações nas joint ventures.

Desconsiderando esse ganho, o Ebitda ajustado ficou em R$ 2,82 bilhões, marcando uma queda de 34,9% em comparação com o mesmo período de 2023. A margem Ebitda ajustada da Gerdau no 1T24 foi de 17,4%, em comparação com os 22,9% registrados um ano antes.

No relatório de resultados, a Gerdau informou que a melhora na rentabilidade sequencial reflete a retomada dos volumes de vendas, principalmente na operação da América do Norte, bem como uma maior participação de vendas domésticas no Brasil.

“Além disso, a companhia segue implementando uma série de iniciativas para adequar sua estrutura ao cenário atual de negócios”, afirmou a Gerdau.

A empresa produziu 3,09 milhões de toneladas de aço bruto, um aumento de 3,4% em relação ao mesmo período do ano passado, e a taxa de utilização da capacidade aumentou para 74%, representando um aumento de dez pontos percentuais em relação ao trimestre anterior. No entanto, as vendas da Gerdau diminuíram 8,6%, totalizando 2,72 milhões de toneladas.

O custo das vendas alcançou R$ 13,791 bilhões no período, redução de 9,5% na comparação anual e 5,4% a mais frente ao trimestre anterior. Segundo a Gerdau, o resultado foi influenciado pelo incremento das vendas de aço e o encarecimento de insumos importantes como sucata e carvão.

Dívida tem queda

Em março, a alavancagem financeira medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda em 12 meses permaneceu estável em 0,4 vez, em comparação com os três meses anteriores.

A dívida líquida da Gerdau somou R$ 5,099 bilhões ao fim de março, valor 8,1% inferior na comparação com o final do quarto trimestre de 2023.

No relatório de resultados da Gerdau, a siderúrgica explicou que encerrou o primeiro trimestre de 2024 com uma dívida bruta de R$ 11 bilhões, alta sequencial de 1,3%, mas na comparação anual houve recuo de 10%.

O prazo médio de pagamento da dívida é de 7,2 anos. Segundo a Gerdau, o cronograma da dívida é bem distribuído ao longo dos próximos anos.

Referente à posição de caixa, a companhia encerrou o trimestre com R$ 5,941 bilhões disponíveis.

“Ressaltamos que, apesar de um cenário ainda desafiador, os projetos destinados à Manutenção e Competitividade de nossos ativos seguem o cronograma previsto. Destacamos também o bom andamento dos projetos em mineração sustentável e expansão da produção de bobinas a quente no Brasil”, diz a empresa.

O balanço mostra que a companhia investiu no primeiro trimestre de 2024 da Gerdau um total de R$ 858 milhões, queda de 10,1% na comparação anual e 57,4% a menos na relação trimestral. Do total investido, 49% foram destinados à competitividade. Para o ano, a projeção da empresa é investir R$ 6 bilhões.

No primeiro trimestre de 2024, 63% dos investimentos foram destinados para a operação de negócios no Brasil, 21% para a América do Norte, 11% para aços especiais e 5% para a América do Sul.

A Gerdau anunciou a conclusão do investimento na unidade de Jackson, Tennessee (EUA), que envolve atualizações nos processos de laminação e armazenagem, alinhado à estratégia da unidade de constituir um centro de soluções completo (one stop shop), no valor de US$ 67 milhões.

“Com as melhorias implementadas, será possível ampliar a gama de produtos de barras comerciais oferecida aos clientes, visando maior competitividade, flexibilidade operacional e eficiência da Gerdau na distribuição da região”, informou a Gerdau no balanço.

Desempenho da Gerdau no Brasil

No Brasil, a produção de aço bruto nos três primeiros meses de 2024 somou 1,367 milhão de toneladas, valor 8,7% maior na relação anual e 11,7% superior na comparação sequencial.

As vendas de aço no Brasil foram de 1,3 milhão de toneladas, valor 1,8% maior ante um ano e 2,4% superior ao trimestre anterior. Deste total, 1,044 milhão foi comercializado no mercado interno, 4% menor na comparação anual, mas 8,3% superior sequencialmente. Já as exportações somaram 255 mil toneladas, 34,2% superior ante um ano e 16,4% inferior na relação trimestral.

Por segmentação de produto, as vendas nacionais de aços longos somaram 852 mil toneladas, 2% superior na comparação anual e 5,8% maior na relação trimestral. Em aços planos, o volume é de 447 mil toneladas no período, avanço de 1,1% ante um ano e recuo sequencial de 3,7%.

De acordo com a Gerdau, apesar do aumento no nível de comercialização nas operações nacionais, a entrada expressiva de aço importado permanece como um desafio para o setor, principalmente para o segmento de aços planos.

A empresa informou que tem mantido o foco no mercado doméstico, por meio de produtos de maior valor agregado.

Com relação aos aços longos, a Gerdau informou que o aumento nas vendas foi impulsionado, principalmente, por vendas de concreto armado e indústria. “Em planos, destaque para o maior volume de chapas grossas”, acrescentou a companhia.

Balanço da Gerdau e produção de aço na América do Norte

A produção de aço bruto da Gerdau na divisão da América do Norte somou 1,152 milhão de toneladas no primeiro trimestre de 2024, valor 2,8% inferior na comparação com o mesmo período de 2023, mas com avanço sequencial de 19,3%. As vendas, por sua vez, foram de 957 mil toneladas, 13,3% a menos ante um ano, contudo, 8,1% superior ante os três meses imediatamente anteriores, segundo o balanço de resultados da companhia divulgado na quinta-feira, 02.

De acordo com o balanço da Gerdau, a recuperação trimestral reflete a retomada de vendas típica após a sazonalidade do final de ano.

O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) da operação de negócio da América do Norte somou R$ 1,570 bilhão, valor 33,3% menor ante o mesmo período do ano anterior, mas 38,3% superior na relação trimestral.

A margem Ebitda ajustada da operação da América do Norte no primeiro trimestre de 2024 foi de 24,5%, abaixo dos 30,2% apurados um ano antes, mas superior aos 19,2% na comparação com o quarto trimestre de 2023.

“O crescimento da margem Ebitda ajustada reflete o spread metálico em níveis saudáveis, combinado a maior alavancagem operacional“, informou a Gerdau.

Aços especiais

A Gerdau informou que a produção de aços especiais somou 410 mil toneladas no primeiro trimestre de 2024, valor 3,3% maior na comparação anual e 29,7% superior sequencialmente. Já as vendas de aços especiais totalizaram 339 mil toneladas, retração de 4,5% ante um ano e estável ante os três meses anteriores.

A Gerdau destacou que, segundo dados da Anfavea, a produção de veículos automotores no Brasil tem apresentado um crescimento gradativo, especialmente na linha de veículos pesados.

Já nos Estados Unidos, segundo a Gerdau, projeções de mercado mostram tendência positiva para vendas de veículos leves.

Gerdau vê com otimismo decisão do governo sobre cota de importação

Apesar dos desafios enfrentados devido às importações excessivas de aço no mercado brasileiro, a Gerdau afirma que vê como um avanço importante a decisão do governo de adotar um modelo de cotas de importação e tarifas para certos produtos. Essa medida afeta cerca de 25% do volume comercializado pela empresa no Brasil. A medida foi anunciada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) no dia 23 de abril.

Outros países, como Estados Unidos, Chile e México, também estabeleceram medidas parecidas para evitar que a China venda muito aço barato. O otimismo da Gerdau quanto à nova medida, explica o Safra em relatório, é que os produtores de aço plano são os principais beneficiários dessas medidas, uma vez que os produtos sujeitos à cota representaram 66% das importações de aço plano em 2023, em comparação com apenas 26% das importações de aço longo.

A expectativa da Gerdau, assim como dos analistas financeiros, é de que as medidas da Mdic fortaleçam as vendas domésticas dos produtores brasileiros de aço, reduzindo as importações e, consequentemente, trazendo alívio às margens devido à diluição de custos fixos mais altos. “Seguimos atentos à entrada de aço importado e ao diálogo com órgãos governamentais, buscando equilíbrio entre a indústria nacional e a dinâmica global do comércio de aço”, pontua a empresa no balanço do 1T24.

Em termos quantitativos, o Brasil importou aproximadamente 1,1 milhão de toneladas de produtos de aço plano sujeitos à cota nos anos de 2020 a 2022, implicando que cerca de 510 mil toneladas, ou aproximadamente 3,6% do consumo aparente de aço plano, seriam taxadas à tarifa de importação de 25% em 2023.

Já os produtos de aço longo (excluindo tubos) sujeitos à cota, segundo o banco, totalizaram 159 mil toneladas nesse período, teoricamente deixando apenas 71 mil toneladas, ou cerca de 0,8% do consumo aparente, sujeitas à taxação em 2023.

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Gerdau vai pagar quase R$ 589 milhões em dividendos

A Gerdau também anunciou nesta quinta-feira (2) a distribuição de R$ 588,995 milhões em dividendos aos seus investidores. Esse montante será dividido entre as ações ordinárias e preferenciais da empresa, resultando em um valor de R$ 0,28 por ação.

Os dividendos da Gerdau serão pagos aos investidores que possuírem posição comprada nas ações da Gerdau até o encerramento do pregão do dia 15 de maio de 2024. A partir do dia seguinte, as ações passarão a ser negociadas ex-dividendos, ou seja, sem direito ao recebimento dos proventos. O pagamento aos acionistas está previsto para iniciar a partir de 27 de maio de 2024.

Essa distribuição de dividendos corresponde à antecipação do dividendo mínimo obrigatório estabelecido no estatuto social da empresa para o atual exercício social.

É importante destacar que o valor dos proventos da Gerdau será recalculado levando em consideração o número de ações em circulação na data de crédito dos dividendos.

Papel fecha pregão em alta em dia de divulgação de balanço do 1T24

A Gerdau encerrou o pregão desta quinta-feira (2), dia em que divulgou o balanço do 1T24 da companhia, com ações negociadas a R$ 18,58 no Ibovespa, uma alta de 1,86% quando comparado ao dia útil anterior. No mês de abril, a siderúrgica está com 0,00% de valorização, nos últimos doze meses o grupo anota baixa de 4,82% de valorização, segundo dados da Bolsa de Valores.

Ainda assim, nesta quinta-feira, a Gerdau pontuou um crescimento no fechamento do Ibovespa quando comparado aos dias anteriores. Na terça-feira (30), a companhia caiu de R$ 18,65, para R$ 18,24. Já no dia 17 de janeiro, o grupo registrou a maior baixa do ano, com papéis negociados a R$ 17,10.

Com Estadão Conteúdo

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Murilo Melo

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