Mesmo em um cenário de incertezas para empresas do segmento de mineração e siderurgia por conta de quedas nos preços das commodities, analistas têm seguido em otimismo com a Gerdau (GGBR4).
A expectativa é de que os dividendos da Gerdau sigam relativamente altos e a companhia tenha um futuro mais resiliente do que seus pares na bolsa brasileira, como a gigante Vale (VALE3).
As teses, contudo, destacam que a empresa está relativamente barata nos patamares de preço atuais.
Em seu relatório mais recente sobre o segmento de aço, o Itaú BBA destacou que prefere ficar com a companhia na carteira, assim como a Usiminas (USIM5).
“As companhias de mineração e siderurgia estão expostas a um cenário de menor crescimento econômico global, que afeta negativamente os preços de minério de ferro e de aço, sendo que os preços do minério caíram por conta da redução na produção de aço na China”, explicam os analistas.
“Nesse contexto, elevamos a estimativa do Ebitda da Gerdau para R$ 22,3 bilhões, considerando a performance sólida durante o primeiro semestre deste ano nos Estados Unidos. Apesar disso, estimamos uma queda do Ebitda para R$ 12,7 bilhões no ano de 2023, justamente por conta da retração dos preços do aço nos EUA no comparativo anual, de cerca de 15%”, seguem os especialistas sobre GGBR4.
O preço-alvo é de R$ 34 por ação, R$ 2 menor do que a última recomendação da casa. Contudo, o BBA segue com recomendação de compra.
Atualmente, as ações da Gerdau negociam na casa dos R$ 23.
Comparando a empresa com a Vale, a maior do setor no Brasil e a empresa de maior peso no Ibovespa, analistas do NuInvest, do Nubank (NUBR33), também endossam a tese de que Gerdau é uma boa escolha no momento atual.
“A nossa visão é de que o momento atual representa uma oportunidade aos investidores de longo prazo, pois mesmo com a recuperação das últimas semanas, ainda estamos diante de um dos maiores gaps entre o Ebitda e o preço das ações”, explica.
Na visão do especialista, a empresa negocia a múltiplos baratos, considerando o fluxo de caixa projetado para os próximos 12 meses, ficando em um valuation atrativo no momento atual.
Além disso, destaca que as correções recentes no papel podem oferecer uma boa janela de entrada, dado que a companhia sofre 6% de queda nos últimos 30 dias e 18% de baixa nos últimos seis meses.
O que esperar dos dividendos da Gerdau
Em termos de dividendos, o BBA destaca o ‘sólido pagamento de proventos’ em 2022, com bom retorno aos acionistas da empresa. Apesar disso, estima uma retração nos proventos nos próximos anos.
A projeção é de um dividend yield (DY) de 11% no acumulado de 2022 e de 4,6% no ano de 2023.
Segundo dados do Status Invest, a companhia paga 14,7% de yield atualmente, considerando os dividendos dos últimos 12 meses. Foram cerca de R$ 3,4 pagos por ação nesse período.
Analistas do NuInvest explicam que essa possível redução deve ocorrer por conta da política atual da companhia, de reduzir o seu patamar de alavancagem – termo que designa a relação entre a dívida da empresa e o Ebitda, seu lucro operacional.
“O patamar ainda tímido de payout da Gerdau tem relação direta com as metas de desalavancagem da companhia. Porém, isso é um bom sinal, pois uma distribuição ainda maior de proventos pode vir a ocorrer no futuro”, diz o relatório do NuInvest.
A casa projeta que a Gerdau distribua cerca de 30% do seu lucro em proventos nos próximos meses, mesmo patamar atual. Em 2021, o payout da empresa chegou à 34%.