Gerdau (GGBR4) deve priorizar “agressiva distribuição de dividendos”; entenda por quê
Após conversa com o CFO da Gerdau (GGBR4), Rafael Japur, e a equipe de Relações com Investidores da empresa, os analistas do BTG Pactual (BPAC11) reiteram a recomendação de compra para as ações, ao preço alvo de R$ 43.
O BTG classifica as ações da Gerdau como top pick do setor de siderurgia, negociando a 1,9x Enterprise Value (EV)/Ebitda de 2022.
“O tom das conversas foi bastante otimista, apesar do recente e fraco desempenho do setor, e do mercado começar a precificar uma recessão iminente nas ações de siderurgia”, diz o relatório do banco de investimentos.
De acordo com os analistas, a conversa deu a entender que a Gerdau terá outro Ebitda recorde em 2022, mas a empresa parece estar trabalhando com números mais baixos na comparação anual.
Investidores focaram especialmente na estratégia de alocação de capital da Gerdau durante as reuniões. O CFO da companhia, conforme os analistas do BTG, passou uma mensagem de que a empresa “não tem aspiração de se tornar caixa líquida”.
“Dado que não possui grandes projetos e fusões e aquisições de capital intensivo, e as metas de dívida bruta/líquida já foram alcançadas, a remuneração aos acionistas deve se tornar uma prioridade para a Gerdau daqui para frente”, aponta o relatório.
Outro ponto importante destacado pelo BTG: a administração da Gerdau diz que a desalavancagem da empresa tem sido amplamente bem-sucedida, sendo reconhecida pelas agências de rating. A Gerdau já atingiu o limite de sua política de endividamento (R$ 12 bilhões de dívida bruta, 1,0-1,5 vez de alavancagem, 6 anos de duração, US$ 2 bilhões de caixa) – um balanço “à prova de balas”, na visão do banco.
Apesar de focar na remuneração dos acionistas, os analistas apontam que “isso pode não ser feito imediatamente”.
“Há certa burocracia com as operações diárias de tesouraria, o que é ainda mais difícil para a Gerdau devido à sua diversificação geográfica. O modelo de pagamento adequado aos acionistas também precisa ser definido, e deve ser feito por meio de dividendos extraordinários ou recompras mais agressivas”, explica o texto.
Enquanto isso, a administração já executou aproximadamente R$ 350 milhões de recompras somente em junho, o que representa próximo de 25% do programa de recompra aberto.
Otimismo à frente com a Gerdau
Os analistas destacam que houve preocupação sobre o balanço de oferta/demanda da siderurgia brasileira nos próximos anos. Mas, com vários projetos entrando em operação, a administração ainda vê mercados equilibrados daqui para frente.
No curto prazo, a Gerdau alcançou uma carteira de pedidos sólida e acredita que as vendas podem permanecer estáveis no terceiro trimestre deste ano. Os custos de carvão só devem atingir o pico no 3T22, com 4 a 6 meses de atraso.
“Em nossa visão, custos um pouco mais altos aliados à desaceleração dos preços de aço podem pressionar as margens da unidade brasileira no 3T22”, afirma o BTG.
Em todo caso, o BTG Pactual mantém a Gerdau como principal escolha de siderurgia, atraindo o interesse de investidores enquanto os resultados continuam a melhorar. Isso ocorre, de acordo com os analistas, devido:
- ao modelo de negócios resiliente;
- à diversificação geográfica
- e à qualidade dos ativos e flexibilidade.
Além disso, a exposição da Gerdau ao próspero setor de aços longos na América do Norte tem sido vista como um “porto seguro”, com margens Ebitda acima de
30% e expectativa de sustentação no curto prazo.
O BTG também acredita no potencial de a Gerdau se tornar mais agressiva na remuneração aos acionistas – com dividend yield podendo chegar a 20% em 2022.