O BTG Pactual reiterou recomendação de compra para Gerdau (GGBR4), mas reduziu seu preço-alvo. O BTG afirma que a diversificação da companhia continua rendendo frutos nos Estados Unidos, mas há pressão a curto prazo nos lucros.
“Apesar do momento desafiador a curto prazo para a indústria do aço, continuamos vendo a Gerdau bem posicionada para enfrentar a tempestade”, diz o BTG.
Segundo a equipe do banco, a exposição da Gerdau a fundamentos sólidos na indústria siderúrgica da América do Norte deve proporcionar resistência ao fluxo de lucro da empresa.
Outro ponto elogiado pelos analistas é a estratégia da Gerdau com a desalavancagem e disciplina sobre o capital da empresa.
“A empresa reforçou todos os seus marcos recentes de desalavancagem e retornos de caixa, e sinalizou novamente seu compromisso com disciplina de capital. O capex (despesas de capital ou investimentos em bens de capitais) deve permanecer contido em cerca de R$ 5 bilhões/ano, na nossa visão”, aponta o banco.
No entanto, devido à deterioração da indústria, o BTG está reduzindo o preço-alvo dos papéis da companhia de R$ 39 para R$ 33.
Gerdau: companhia foca na disciplina de alocação de capital, diz BTG
A Gerdau apresentou um plano de capex até 2026 no valor de R$ 11,9 bilhões, dos quais R$ 3,3 bilhões já foram desembolsados.
Segundo o BTG, a companhia espera que esses projetos se traduzam em uma geração adicional de Ebitda de aproximadamente R$ 4 bilhões.
“Este plano considera a modernização e expansão de várias operações da Gerdau, o que gerará uma produção adicional de aço bruto de 700 mil toneladas por ano e um acréscimo de 1,4 milhão de toneladas por ano na capacidade de laminação, além de outros projetos, como a reformulação de mineração e processamento de sucata”, afirmam os analistas em relatório.
Unidade brasileira deve receber R$ 6 bilhões em investimentos
Em relação a investimentos no Brasil, a Gerdau espera investir cerca de R$ 6 bilhões nos próximos três anos na plataforma de mineração e na capacidade adicional de laminação de produtos planos.
Atualmente, a empresa está investindo mais de R$ 2 bilhões em seus alto-fornos em Ouro Branco (MG) para estender a vida desses ativos até 2029-2034.
A companhia tem a perspectiva de que o setor de habitação social e infraestrutura, além do consumo aquecido do agronegócio, auxiliem no consumo de aço no Brasil.
A divisão de aço especial da Gerdau no Brasil, conforme relata o BTG, está amplamente exposta ao setor automobilístico e a empresa espera que esse mercado continue crescendo, alcançando 3,2 milhões de unidades até 2030.
Já no restante da América Latina, a administração divulgou uma visão amplamente cautelosa para seus principais mercados, com um cenário desafiador na Argentina e no Peru, e uma situação mais estável no Uruguai.
Presidente da Gerdau diz que está perto de anunciar demissões
O presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, afirmou que a companhia está sob a iminência de promover demissões em função do cenário atual que a indústria do aço vive no País. A fala foi feita durante o 33.° Congresso Aço Brasil, realizado nesta quarta-feira, 27, em São Paulo.
O executivo da Gerdau avaliou o momento atual em que a indústria siderúrgica brasileira vive, apontando que o forte aumento no volume do aço importado, sobretudo da China, vem prejudicando a produção brasileira. Werneck acrescentou que a Gerdau já tem 600 trabalhadores em suspensão temporária do contrato de trabalho por conta da redução da produção na empresa.
“Se não forem tomadas decisões por parte do governo nos próximos 30 dias sobre o aumento da tarifa de importação, a situação ficará preocupante. É preciso a adoção de ações urgentes para que a tarifa suba 25%, ou então teremos muita dificuldade”, afirmou o executivo.
De acordo com Werneck, a Gerdau já tem duas plantas, uma no Ceará e outra em São Paulo, que estão paralisadas.
O diagnóstico do presidente da Gerdau foi acompanhado pelo presidente da ArcelorMittal Brasil e presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil, Jefferson De Paula, que confirmou a possibilidade de problemas sociais caso o cenário se mantenha.
“Vamos produzir 1,3 milhão de toneladas de aço a menos por causa do cenário atual de importações. A nossa capacidade está entre 15 milhões a 16 milhões de toneladas, mas vamos produzir menos. Se o cenário continuar igual, haverá um problema social no País”, afirmou De Paula.
Reforçando a gravidade do assunto, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes, afirmou que a decisão do governo de antecipar o fim do desconto de 10% na alíquota de importação de 12 produtos siderúrgicos foi “inócua”.
O executivo comparou a taxa de importação do Brasil em relação a países como Estados Unidos, México e União Europeia, onde a tarifa é de aproximadamente 25%, segundo aponta a entidade.