Genial vê alta de 3 p.p. na Selic amanhã; Goldman Sachs fala em até 2 p.p.
A Genial Investimentos prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) irá aumentar a taxa básica de juros da economia (Selic) em 3 pontos percentuais na reunião de amanhã (27), para 9,25%. Atualmente, a taxa básica de juros está em 6,25%.
É a maior estimativa para a Selic antes da reunião de amanhã no BC. O mercado vinha calculando uma elevação em 1,5 pp em média para a reunião do Copom desta quarta. Com o aumento de índices de inflação, como o do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15(o IPCA-15), que registrou alta de 1,2% em outubro, renovando máxima histórica para o mês –, analistas subiram as projeções para a Selic. O indicador divulgado hoje veio acima do esperado.
A incerteza com as contas públicas depois que o governo admitiu furar o teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil também levou as projeções para cima. Ao jornal Valor Econômico, José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, argumentou que, “dado o que o que aconteceu com a política fiscal, faz todo sentido ter um choque de juros para readquirir credibilidade e retomar o controle sobre as expectativas para a política monetária”. A previsão anterior da Genial era para um incremento de 1 ponto percentual na Selic — mesmo patamar previsto pelo Copom no comunicado sobre a última reunião, em 22 de setembro.
O mercado ainda não digeriu o estresse provocado pelo rompimento do teto de gastos e o pessimismo pela alta do IPCA-15. Camargo explica que “o problema está nas expectativas dos agentes sobre o que vai acontecer no futuro.”
Além da revisão da estimativa da Selic que será divulgada amanhã, o economista da Genial disse que a taxa deve terminar o ano em 10,25%, com uma elevação de 1 ponto percentual na última reunião do ano, em dezembro.
Goldman Sachs prevê alta de até 2 p.p. na Selic
O Goldman Sachs também atualizou seu relatório, sugerindo que o Copom pode elevar a Selic em até 2 pontos percentuais — também por causa do IPCA-15 de outubro. A prévia da inflação teve a maior variação para o mês desde 1995. A expectativa mediana do mercado era por 1%. No acumulado do ano, o resultado é de 8,30. Em 12 meses, atingiu 10,34%.
“Esperamos que o Copom acelere o ritmo de alta das taxas para pelo menos 150 pontos-base na reunião de 27 de outubro, levando a taxa Selic para um nível ligeiramente acima de 7,75% neutro. Além disso, avaliamos uma probabilidade de 20% de uma alta maior da Selic de 175-200 pb”, diz o banco de investimentos em relatório.
O Goldman Sachs também explica que o choque fiscal que aconteceu na última semana “mudou o campo de jogo monetário de curto prazo.” Assim, o banco avalia que “as visões do mercado e a percepção da política fiscal que orienta o orçamento chegaram a um ponto de inflexão com os desenvolvimentos perturbadores do mercado das últimas semanas em torno, entre outras coisas, do financiamento de um programa mais amplo de transferência de dinheiro e erosão relacionada da âncora de teto de gastos.”
O banco avalia que, em um cenário de deterioração das expectativas de inflação, sua chamada formal é de um aumento de 150 pb na taxa básica de juros — mas enxerga probabilidade de que o Banco Central decida entregar uma “surpresa hawkish para melhor ancorar as expectativas e assim subir a Selic em 1.75 p.p, (ou possivelmente até 2 p.p) para chegar a um patamar não excessivamente alto de 8,00%.”
O banco ainda projeta alta de mesma magnitude na Selic na reunião de dezembro, chegando assim a 9,75%.