Mesmo com seu líder e criador, Glaidson Acácio dos Santos, preso após decisão judicial, a GAS Consultoria abriu um ‘canal de transparência’ para falar com clientes. Em postagem no Instagram feita na última semana, um vídeo institucional alega que Glaidson irá responder a perguntas de clientes enviadas por meio de mensagens nas redes sociais.
O post foi divulgado em um perfil atribuído a Glaidson, conhecido como ‘faraó dos bitcoins‘ e atualmente preso após decisão judicial, tomada com a Operação Kryptos, junto com outros sócios da GAS Consultoria.
O canal criado no Instagram é chamado de ‘Fale com o Glaidson’ e deve “atender a canais de comunicação e imprensa”.
“A partir de hoje você terá todas as suas perguntas respondidas diretamente por Glaidson Acácio dos Santos. Em breve, ele mesmo estará respondendo”, diz a peça publicitária, sem citar se Glaidson deve voltar à liberdade ou dar mais informações sobre o criador da GAS Consultoria.
Até então o vídeo já teve cerca de mil comentários e 20 mil visualizações. O perfil soma 16,6 mil seguidores – os perfis ‘originais’ de Glaidson já foram derrubados.
O ex-garçom e mais cinco pessoas se tornaram réus por uma tentativa de homicídio na Região dos Lagos em agosto, e chegaram a sair do presídio após decisões judiciais, mas atualmente permanecem detidos.
O criador da consultoria é acusado também de lavagem de dinheiro, crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e organização criminosa.
Por diversas vezes nos últimos meses os advogados de Glaidson pediram pelo seu habeas corpus, mas tiveram pedidos sucessivamente negados pela Justiça. O principal argumento dos magistrados para as negativas é o risco de fuga.
Relembre o caso da prisão do líder da GAS Consultoria
Na operação coordenada pela Polícia Federal e pela Receita Federal, foram apreendidos 591 bitcoins, dezenas de carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em espécie.
A prisão de Glaidson acarretou na maior apreensão de criptomoedas da história do Brasil, somando cerca de R$ 150 milhões se considerada a cotação do bitcoin na época.
A mulher de Glaidson, a venezuelana Mirellis Zerpa, é foragida das autoridades no âmbito da operação.
Ao todo foram 15 mandatos de busca e apreensão para o Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Distrito Federal. Além de Glaidson, em agosto um homem havia sido preso no Aeroporto de Guarulhos (SP), tentando fugir para Punta Cana, na República Dominicana.
A deflagração da operação se deu dois anos após a GAS ser investigada por esquemas de pirâmide financeira disfarçada de consultoria em criptomoedas.
A Consultoria Bitcoin prometia ganhos fixos de 10% ao mês com um aporte inicial mínimo de R$ 10 mil. Entretanto, as investigações da força-tarefa indicam que a GAS nem sequer reaplicava os aportes em criptomoedas, repassando o dinheiro à conta pessoal de Glaidson.
Além do ganho garantido ser muito alto – superior, por exemplo, aos cerca de 1,5% ao mês de Warren Buffett – e independente das variações comuns do mercado de capitais, mesmo de criptomoedas como o bitcoin, a companhia sob CNPJ 22.087.767/0001-32 não tinha registros como operadora financeira nem como trading.
Legalmente a empresa de Glaidson, a GAS Consultoria, era identificada apenas como uma firma especializada em consultoria em Tecnologia da Informação (TI). Grande parte dos seus investidores eram de Cabo Frio, na Região dos Lagos fluminense, que, com número alto de golpes do tipo pirâmide financeira, ganhou o apelido de ‘Novo Egito’.
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