Indicado para presidência do BC, Galípolo é aprovado em sabatina no Senado

Gabriel Galípolo teve sua indicação para presidir o Banco Central brasileiro aprovada nesta terça-feira (08) em sabatina realizada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.

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A aprovação do novo presidente do Banco Central se deu por unanimidade, com 26 votos favoráveis. Agora, a indicação de Gabriel Galípolo precisa ser analisada também pelo plenário do Senado, o que é esperado para ocorrer ainda nesta terça-feira.

O economista de 42 anos deve assumir a presidência do BC em 2025, substituindo Roberto Campos Neto, que comanda a autarquia até 31 de dezembro de 2024.

Confira a seguir os principais temas abordados durante a sabatina de Galípolo no Senado:

Autonomia do Banco Central

Segundo Galípolo, mesmo em um ambiente de tensões sociais, o BC tem conseguido manter sua estabilidade, com decisões não influenciadas por fatores externos, mas que também não se esquivam de suas responsabilidades. Ele enfatizou que o BC se consolida ao cumprir seu mandato, o que ele considera essencial para a continuidade do bom desempenho da instituição.

Ele também abordou questões relativas à regulação de setores como apostas eletrônicas e a Petrobras (PETR4), afirmando que não se pronunciaria sobre temas que não são atribuição do BC. Segundo Galípolo, essa postura tem sido fundamental para manter a coesão interna da diretoria, composta por membros indicados por diferentes governos.

Redução do Spread Bancário

A redução do spread bancário foi identificada por Galípolo como uma agenda prioritária do BC para os próximos ciclos. Em resposta ao senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), ele ressaltou que, embora muito se discuta a taxa Selic, o foco principal deve ser nas taxas de juros que realmente afetam as pessoas físicas e jurídicas. Galípolo reconheceu que essa agenda é de longa data e que a redução dos spreads bancários é uma tarefa complexa, mas necessária.

Desaceleração Econômica e Inflação

Galípolo afirmou que a economia brasileira apresenta sinais de estar em um estágio diferente em relação a outras economias globais. Ele destacou o desemprego em níveis historicamente baixos, o crescimento da renda e a alta utilização da capacidade instalada na indústria como evidências de uma economia ainda pujante. No entanto, ele alertou para o fato de que o BC precisa monitorar a inflação de perto, pois um processo de desinflação pode ser mais lento e custoso. Nesse contexto, Galípolo defendeu a manutenção da taxa de juros em nível restritivo pelo tempo necessário para alcançar a meta de inflação de 3%.

Pandemia e Impactos Globais

Galípolo concordou com a visão do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre os impactos econômicos da pandemia. Ele citou a fala do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, destacando que as causas do processo inflacionário pós-pandemia envolvem tanto choques de oferta quanto questões de demanda. Ele observou que, após a pandemia, os preços relativos se ajustaram, mas a remuneração do trabalho não acompanhou esse movimento, gerando insatisfação social. Segundo ele, essa defasagem pode criar pressões inflacionárias se o aumento dos salários for repassado ao consumidor final.

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Política Cambial

Galípolo também abordou a política cambial, reforçando que o regime de câmbio flutuante permite ao real absorver choques externos. Ele comentou que, desde sua chegada ao BC, foi alvo de críticas tanto por ser considerado “intervencionista” quanto por “deixar o câmbio correr”, o que reflete a volatilidade do debate em torno do tema. Ele ressaltou que o BC tem uma institucionalidade consolidada na gestão da política cambial e que as decisões são tomadas de forma colegiada.

Transição Verde e Impactos Econômicos

Outro ponto destacado por Galípolo foi a transição verde e seu impacto na economia. Ele observou que, apesar das divergências globais sobre o papel dos bancos centrais na incorporação de questões climáticas em seus mandatos, o BC brasileiro está atento ao tema. Segundo ele, as mudanças climáticas afetam a produção de alimentos e a competitividade das fontes de energia, o que torna crucial que os bancos centrais considerem esses fatores em suas análises. Ele destacou que o Brasil tem uma oportunidade única de se posicionar como líder global em segurança alimentar e energética.

Crescimento Econômico e Política Fiscal

O economista reconheceu que, nos últimos anos, as projeções de crescimento do Brasil têm sido consistentemente revistas para cima, surpreendendo positivamente. Ele atribuiu isso a uma combinação de fatores, incluindo reformas recentes que elevaram o PIB potencial do país. Além disso, ele mencionou a política fiscal redistributiva como um fator que impulsiona o consumo e, consequentemente, a atividade econômica.

Ele também comentou que, apesar dos desafios globais, o Brasil se consolidou como uma economia estável, com superávit comercial, reservas internacionais robustas e uma matriz energética limpa. Para ele, esses fatores são vantagens cruciais em um cenário de crescentes tensões políticas e econômicas no mundo.

Relacionamento com o Poder Executivo

O futuro presidente do BC refletiu sobre sua entrada na autarquia e as expectativas de que ele traria conflitos internos à diretoria. Ele afirmou que, ao contrário dessas previsões, sua presença no BC contribuiu para manter a harmonia entre os diretores, mesmo em um ambiente de diversidade política. Ele destacou sua boa relação tanto com o presidente Lula quanto com Roberto Campos Neto, presidente do BC, e reafirmou que sempre recebeu de Lula a garantia de liberdade na tomada de decisões do BC.

Compromisso com a Estabilidade Monetária

Galípolo finalizou reafirmando o compromisso do BC com a estabilidade monetária, destacando que, nos últimos 12 meses, os núcleos de inflação no Brasil têm se mantido em níveis comparáveis aos de economias desenvolvidas. Ele reconheceu que o processo de queda dos juros pode ser mais lento do que o desejado, mas defendeu que o debate democrático e a construção de consensos são preferíveis a soluções rápidas e de curto prazo. Para ele, o BC deve continuar perseguindo uma agenda capaz de criar uma economia mais dinâmica, produtiva e sustentável.

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Guilherme Serrano

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