Gafisa deve renegociar dívidas bancárias e mira listagem na NYSE

A Gafisa (GFSA3) iniciará um processo de renegociação de dívidas com os principais bancos do Brasil, a partir das próximas semanas. Além disso, a companhia mira a listagem na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) novamente.

As medidas fazem parte da gestão do novo presidente-executivo da Gafisa, Roberto Portella, que substituiu Ana Recart, ligada à gestora GWI, no fim de março.

“Não existe intenção de calote ou de qualquer processo que faça mal à credibilidade da empresa. Pelo contrário […] Queremos recuperar as operações e contar com recursos do mercado financeiro. Vamos buscar alongar a dívida e renegociar as condições”, afirmou o CEO  ao “Estado de S. Paulo”.

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A construtora fechou o ano passado com dívida de R$ 889,4 milhões, incluindo debêntures, capital de giro e financiamento à produção. Deste montante total, R$ 348,3 milhões vencem até dezembro.

No início de 2019, o caixa da Gafisa contava com apenas R$ 137,2 milhões, além dos imóveis em estoque. As informações constam no balanço referente ao quarto trimestre de 2018.

Dentre os principais credores estão:

  • Bradesco (BBDC3);
  • Itaú Unibanco (ITUB4);
  • Santander (SANB3);
  • Caixa Econômica Federal (CEF);
  • e Banco do Brasil (BBAS3).

Na véspera, o blog do “Lauro Jardim” informou que a Gafisa contratou duas consultorias para avaliar a saúde financeira da empresa: a Falconi e a Bain & Company.

Saiba mais – Gafisa: acionistas querem acionar GWI por danos à companhia

Recursos: capitalização e listagem da Gafisa na NYSE

A Gafisa almeja obter recursos com o processo de capitalização, que já está em andamento. O processo se dará por meio da emissão de ações em duas fases. A estimativa é que a medida gere rendimento de até R$ 400 milhões.

A nova gestão da construtora também avalia o retorno à listagem de ações na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Assim, a companhia poderá ser negociada na bolsa norte-americana por meio de American Depositary Receipts (ADRs). A deslistagem foi articulada durante a gestão de Recart.

“Temos interesse em voltar ao mercado norte-americano, que representa 12% de nossos acionistas […] Esse processo leva tempo, mas estará pronto na segunda tranche da capitalização”, confirmou Portella.

Contudo, o novo CEO afirmou que o dinheiro pode não ser direcionado para quitação de dívidas. Mas para empreendimentos e conclusão de obras. Desta forma, com a venda e a entrega das construções, a Gafisa pagará os bancos.

Portella disse que a nova direção e o Conselho de Administração preocupam-se com a sustentabilidade dos negócios da Gafisa no longo prazo. E acrescentou que a prioridade, no momento, é a finalização das operações já iniciadas.

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Gestão GWI

A ex-CEO da Gafisa, Ana Recart, oriunda da GWI, assumiu o controle em setembro de 2018. A partir daquele momento, uma série de medidas foram tomadas para, supostamente, melhorar as contas da construtora. Algumas das quais bastante controversas. Entre elas estão:

  • a demissão de 50% dos funcionários (de 740 para 370);
  • o adiamento de lançamentos;
  • a revisão de contratos;
  • a suspensão de pagamentos a fornecedores;
  • e um programa de recompra de ações.

Muitas dessas decisões acabaram tendo um efeito negativo sobre a empresa. Por isso, no dia 15 de abril, o novo CEO da construtora Gafisa, Roberto Portella afirmou que os efeitos das ações da gestora GWI serão estudados.

Em 4 de abril, o “Estado de S. Paulo” informou que acionistas da construtora querem acionar da gestora de Mu Hak You, a GWI. O grupo de investidores acredita que a GWI agiu de má fé enquanto presidiu a Gafisa.

Amanda Gushiken

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