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A fusão de Embraer e Boeing: relembre o caso desde o início

Embraer

Acionistas da Embraer aprovam acordo com a Boeing. (divulgação)

A Embraer afirmou nesta segunda (17) que seu conselho aprovou a fusão com a fabricante americana Boeing.

A Embraer está negociando um acordo estratégico com a fabricante norte-americana de aeronaves Boeing desde julho de 2017. O objetivo é criar uma joint venture no Brasil, chamada JV Aviação Comercial.

Saiba mais: Conselho da Embraer aprova parceria com a Boeing

O novo negócio de aviação comercial seria avaliado em US$ 5,26 e teria participação de 80% da Boeing e 20% da Embraer. A Boeing fará um aporte de US$ 4,2 bilhões na nova empresa.

Relembre o caso da fusão entre Embraer e Boeing

Em 21 de dezembro de 2017, há quase um ano exato, o jornal americano Wall Street Journal divulgava que as fabricantes de aeronaves Embraer e Boeing negociavam uma fusão.

A notícia levou as ações da Embraer a dispararem cerca de 40% durante aquele dia. Fecharam em alta de 22,5% a R$ 20,20 (hoje estão em R$ 21,55). O valor de mercado da empresa brasileira subiu R$ 2,7 bilhões, atingindo R$ 14,8 bilhões, conforme cálculo da Economatica.

O objetivo da união era criar uma gigante global de aviação. Assim, poderiam fazer frente a uma união semelhante entre Airbus e Bombardier.

No dia seguinte, o presidente Michel Temer afirmou descartar a venda do controle da Embraer à americana. O receio do governo era perder soberania, visto que a fabricante brasileira tem papel estratégico na área militar. “A participação estrangeira na Embraer é muito intensa, se nesta altura ampliasse a participação estrangeira, tanto melhor. Mas não há a menor cogitação de vendermos o controle para outra empresa”, declarou o mandatário.

Posteriormente, seria revelado que a proposta de associação entre as fabricantes incluiria a divisão de defesa da Embraer. Não se restringia, portanto, à área de aviação comercial. Por isso, o fato tornou a conversa mais sensível, já que o governo havia afirmado descartar a perda do controle nacional da empresa.

A Embraer justificou a negociação por ser “estretégica” e citou a união entre Airbus e Bombardier como um dos motivos para sua fusão com a Boeing. “A fim de permanecermos competitivos no mercado de fabricação de aeronaves comerciais no longo prazo, devemos continuar a fazer melhorias tecnológicas, de eficiência e desempenho em nossas aeronaves”, declarou a fabricante.

Negociações avançam

Em abril, após meses de negociação, as tratativas andaram mais rapidamente. O grupo de trabalho montado pelo governo federal, que envolvia os ministérios da Defesa e da Fazenda, o BNDES e a FAB (Força Aérea Brasileira), avaliou que os termos estavam melhores naquele momento do que quando propostos pela Boeing.

Havia ainda um debate acerca do percentual de participação de cada fabricante na nova empresa. A Boeing queria ter mais de 80% da joint-venture, enquanto a Embraer insistia em ficar com 20%.

A Embraer e a Boeing anunciaram em 5 de julho um acordo preliminar para a sociedade comercial entre as duas gigantes. A americana se dispunha a pagar US$ 3,8 bilhões por 80% da brasileira. “Esse acordo com a Boeing criará a mais importante parceria estratégia da indústria aeroespacial, fortalecendo ambas as empresas e sua posição de liderança do mercado mundial”, afirmou em comunicado o presidente e CEO da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva.

Os temores envolvendo a negociação

Mas ainda havia alguma apreensão. Sindicatos e o Ministério Público do Trabalho manifestaram receio com a possibilidade de demissões. Temia-se que os serviços de aviação comercial da Embraer fossem retirados do País. Assim, gerariam prejuízos como a perda do polo tecnológico até a extinção de cerca de 26 mil postos de trabalho. Já que a fabricante brasileira não teria participação nas decisões estratégicas da nova empresa, todo o controle social e administrativo seria da Boeing.

Em dezembro, o juiz da 24ª Vara Cível Federal de São Paulo, Giuzio Neto, havia dado uma liminar para que fosse suspenso o acordo entre as áreas. Dias depois, o desembargador Luiz Alberto de Souza Ribeiro derrubou a liminar, alegando que a invasão do Judiciário no negócio causaria insegurança jurídica.

Por fim, o negócio com a Boeing ainda precisa ser aprovado pelo governo federal e pelos acionistas, mesmo após a aprovação da fusão pelo conselho da Embraer. O presidente Michel Temer tem poder de veto na negociação, por ser uma ação especial, chamada golden share.

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