Em levantamento junto com 25 gestores de Fundos multimercados, a XP Investimento afirmou ser consensual que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve cortar os juros em 0,5 p.p na reunião marcada para a próxima quarta-feira (31/01). A corretora também captou um aumento de otimismo com o Ibovespa por parte dos gestores.
Dessa forma, os gestores apontam que a taxa Selic deve atingir 9% em 2024. Além disso, a pesquisa apontou que houve melhora nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com estimativa de fechar o ano em 4%.
Em relação ao PIB, a expectativa atual é de crescimento em 1,5%. Apesar do otimismo, houve estabilidade nas posições vendidas em bolsa globais, além do aumento de posições vendidas em bolsas do Brasil. Atualmente, 83% dos gestores estão comprados em bolsa no Brasil.
“Em relação ao posicionamento no mercado de juros, observamos uma redução no posicionamento tomado [perspectiva de alta] em juros nominais, ante um aumento nas posições aplicadas [perspectiva de baixa] e redução de posições nesse mercado. Também houve um aumento nas posições aplicadas em juros nos mercados emergentes”, destaca a XP.
Quanto ao câmbio, a corretora aponta uma mudança no posicionamento sobre o dólar, com uma redução considerável nas posições vendidas (de 74% para 60% em janeiro) em dólar, perante o real e outras moedas. Além do dólar, houve aumento no consenso sobre a desvalorização do euro.
Fundos multimercados: otimismo com bolsa brasileira aumentou, diz XP
No mês de janeiro, a XP afirma que observou uma nova inversão entre o risco global e local, com os gestores se posicionando majoritariamente no mercado global.
Atualmente, 43% dos gestores têm uma percepção neutra de risco para a economia global. Na economia local, o otimismo predomina, com 65% se mostrando construtivos, contra um valor de 56% da última pesquisa.
Além disso, 83% dos gestores possuem posição comprada na bolsa local, acreditando em sua valorização.
2023: ano difícil para os fundos
Grande parte dos fundos de multimercados obteve resultado abaixo do esperado em 2023, principalmente quando comparado aos rendimentos do ano anterior.
No geral, segundo a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais), os fundos de investimentos tiveram mais saídas do que aportes de janeiro a setembro, totalizando R$ 84,6 bilhões de resgates líquidos.
Os dados mostram que o resultado foi puxado pelas classes de multimercados, ações e renda fixa. Os fundos de multimercados tiveram uma retirada líquida de R$ 57 bilhões, sendo responsável pela maioria dos resgates.
Para Marco Prado, CIO da BullSide Capital, um dos fatores que influenciaram as retiradas foi um cenário macroeconômico mais imprevisível. “O investidor migrou para produtos mais seguros. No caso, a renda fixa, pois a renda variável ficou completamente exposta.”
A dificuldade dos gestores de captar tendências econômicas também foi apontada por analistas como um dos pontos de dificuldades dos fundos. Segundo João Arthur, CIO da Suno Wealth, a classe de multimercado para operar bem precisa ter um cenário de volatilidade, a fim de tomar risco.
“Tivemos o mercado piorando de janeiro a março, dando uma oportunidade do mercado de bolsa, câmbio e juros operar de maneira pessimista, mas não operou. Novamente, nos últimos dois e três meses, o mercado piorou, mas a cota dos fundos de multimercado não reagiu”, explica Arthur.
Grande parte dos gestores de fundos que tiveram boa rentabilidade adotoram um posicionamento mais pessimista do que a maioria do mercado, apostando em um recuo mais moderado do juros e menor crescimento da bolsa brasileira.
Neste contexto, Arthur também cita oportunidades no mercado exterior, como a alta do tesouro americano (treasuries) e a própria subida da bolsa norte-americana, que não foram captadas pelos fundos de multimercado.
O IFHA (Índice de Hedge Funds Anbima), indicador de referência para fundos multimercados, avançou 5% no acumulado do ano, menos que o CDI, que teve rentabilidade de 10%.