FI-Infra: por que investir em fundos de infraestrutura em 2024? Gestores explicam
Antes de dar a resposta, é preciso explicar o que é um FI-Infra, fundos de infraestrutura e como ele funciona.
Relevante no Brasil e no mundo, o setor de infraestrutura possui indústria resiliente, com grande potencial de crescimento. Por isso, atrai cada vez mais investimentos, do governo, de bancos privados, bancos de fomento e mercado de capitais. É aí, no financiamento via mercado de capitais, que entra o investidor pessoa física. Por que comprar uma cota de um fundo de infraestrutura e quais vantagens o ativo pode oferecer?
Antes de dar a resposta, é preciso explicar o que é um FI-Infra, ou um fundo de investimentos em infraestrutura, e como ele funciona.
Os FI-Infra investem em debêntures incentivadas. Por meio dessas debêntures – títulos de dívida de empresas –, os fundos emprestam dinheiro para as empresas construírem seus projetos de infraestrutura, e recebem mensalmente pelo empréstimo.
Divididos em cotas, os fundos financiam obras e recebem o pagamento das debêntures que têm em sua carteira, distribuindo parte dos rendimentos aos cotistas.
É ideal para o investidor de longo prazo e que busca renda extra, afirma o gestor de fundos da JGP, Antonio Pedro, que aponta também diversas outras vantagens desta classe de investimentos – entre elas estão renda recorrente mensal, baixa volatilidade, previsibilidade e isenção de impostos.
“O Brasil investe em torno de R$ 180 bilhões por ano em projetos de infraestrutura. Parece muito, mas é pouco. O país precisaria de, no mínimo, R$ 400 bilhões anuais, segundo estudos, para corrigir todos os gargalos de energia, logísticos e de saneamento, para que a economia possa crescer. É aí que está a oportunidade”, afirma Pedro.
Ainda segundo o gestor da JGP, o setor de infraestrutura oferece muita segurança e perenidade, com seus contratos de longo prazo. “Geralmente essas empresas de utilidade pública fazem contratos de 30, 35 anos de concessão. Então são 30 anos de recebimento. Não se vê uma notícia de que, por exemplo, caiu 40% o consumo de água, ou de energia. São mercados seguros”, completou.
Os ativos de infraestrutura também oferecem segurança ao investidor, pois as debêntures possuem garantias caso não sejam quitadas. E muitos fundos contam com debêntures cujo valor de remuneração já é pré-determinado.
Para Vitor Duarte, gestor do fundo SNID11, da Suno Asset, a infraestrutura está conectada a outros setores que estão crescendo, como o agronegócio, e que precisam de rodovias, energia, saneamentos básico. Exatamente por esse motivo o FI-Infra ganha essa importância no mercado de capitais.
Para a carteira do investidor, Antonio Pedro ressalta ainda outros dois pontos importantes – como maior diversificação e os rendimentos acima da inflação. A previsibilidade vêm da estimativa de recebimento mensal, já que o fundo de infraestrutura sabe quanto vai receber de cada debênture incentivada que tem em posse.
“Um investidor pessoa física não teria como comprar debêntures de diversas empresas, porque são títulos caros e precisaria de um aporte muito alto para se ter uma diversificação segura. Comprando uma cota de um fundo, ele pode reunir centenas, milhares de debêntures, que garantem a diversificação e reduzem o risco de crédito”, diz.
Neste ponto, o gestor da Suno Asset acredita que, para o investidor que está começando, o FI-Infra é muito interessante e atrativo.
Debêntures incentivadas
As debêntures incentivadas foram criadas recentemente, em 2011, por meio de lei, a partir de uma iniciativa do governo federal para estimular projetos de infraestrutura, de modo a ampliar as alternativas de financiamento já existentes.
Como a contas públicas estão sobrecarregadas, o governo abriu a possibilidade de as empresas pegarem dinheiro no mercado de capitais, emitindo esse tipo de título de dívida.
Para o empresário de infraestrutura a emissão desses títulos é positiva, pois são custos menores que os tradicionais financiamentos bancários.
E para o investidor também, já que vira um credor da empresa, conta com a isenção de imposto de renda e recebe um valor mensal que pode ser utilizado como um complemento.
Em termos de remuneração, a debênture incentivada pode ser indexada a diversos indicadores, como o CDI, ou um índice inflação como o IGP-M e IPCA, ou ainda por meio de uma taxa pré-definida.
Garantias dos FI-Infra
Sobre as garantias dos FI-Infra, existem quatro tipos.
- Garantia real, aquela oferecida com bens de propriedade da empresa, é a de menor risco. Outro tipo é a garantia flutuante, que concede o pagamento para todos os credores caso a empresa devedora falir.
- A debênture subordinada oferece um risco maior: se a empresa quebrar, somente os acionistas recebem o dinheiro do investimento. Por causa desse risco, é o título que oferece os maiores retornos.
- E a última garantia é a quirografária, que não oferece qualquer tipo de privilégio. Se a empresa tiver dificuldades financeiras, todos os credores recebem seus valores em esquema de rateio.
Razões para investir em fundos de infraestrutura
Rendimentos que superam títulos públicos
Antes de tudo, é importante ressaltar que o portfólio dos FI-Infras é composto por títulos de dívida do setor privado, desde que sejam associados aos projetos de infraestrutura. Sendo assim, o mercado espera uma maior rentabilidade desses proventos, já que os títulos públicos possuem menor risco.
Assim, toda a discussão atual em torno da inflação interessa ao investidor de fundos de infraestrutura, que tem a possibilidade de buscar retornos para superar os juros reais dos títulos públicos, caso do Tesouro IPCA+ (NTN-Bs), negociado no Tesouro Direto.
Fundos listados disponíveis na B3
Os fundos de infraestrutura são negociados na B3 com o ticker final 11 – importante não confundir com os fundos imobiliários, que também possuem essa numeração.
Investir em debêntures incentivadas sem desembolsar muito
Além dos títulos de dívida do setor privado, o portfólio dos fundos de infraestrutura é composto por debêntures incentivadas, permitindo que o investidor se exponha na renda fixa de maneira mais barata e diversificada.
Com o valor de R$ 100 por cota, os FI-Infras mantêm a vantagem fiscal das debêntures incentivadas, como o não pagamento do Imposto de Renda, em caso de eventual ganho de capital pelo investidor.
Maior liquidez
A liquidez é um dos maiores benefícios dos FI-Infra, uma vez que o investidor pode vender as cotas no mercado secundário da Bolsa e receber o dinheiro na conta em até dois dias úteis, caso ele não queira mais o ativo.
No caso dos fundos de infraestrutura abertos, contudo, o prazo de resgate pode levar 30 dias ou mais.
Maior planejamento financeiro
A aposta em fundos de infraestrutura permite que investidor tenha maior planejamento financeiro ao longo do ano, já que a rentabilidade gerada é totalmente isenta de impostos, o que também ajuda a alavancar ainda mais os seus ganhos.
Assim, diferente dos fundos imobiliários (FIIs), nos quais o investidor está sujeito ao pagamento de imposto de renda sobre o ganho de capital obtido com a compra e venda de cotas, no caso dos fundos de infraestrutura esse ganho é livre de tributação.
Alta demanda no Brasil
Considerado um dos cinco países com maior extensão territorial do mundo, o Brasil possui uma grande rede de infraestrutura, com extensas estruturas para geração de energia elétrica, linhas de transmissão, saneamento e transporte, por exemplo, e que precisam ser renovadas, reformadas ou até mesmo reconstruídas de tempos em tempos.
Rendimentos acima da inflação
Os portfólios dos fundos de infraestrutura estão expostos a ativos geralmente indexados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal índice de inflação do Brasil.
Vale destacar que a rentabilidade obtida com FI-Infra pode ser maior do que com outros tipos de investimento, já que os projetos relacionados ao setor tendem a gerar um fluxo de caixa relativamente constante, previsível e estável.
Isenção de impostos
A rentabilidade gerada com o investimento em fundos de infraestrutura é totalmente isenta de impostos, o que ajuda a alavancar ainda mais os ganhos dos investidores.
Assim, diferente dos fundos imobiliários, nos quais o investidor está sujeito ao pagamento de imposto de renda sobre o ganho de capital obtido com a compra e venda de cotas, no caso dos fundos de infraestrutura, esse ganho é livre de tributação.
Como investir em FI-Infra?
Os FIs-Infra investem tanto em renda fixa quanto na renda variável. No entanto, são classificados como ativos de renda variável.
Existem duas formas distintas de investir em fundos de infraestrutura: as do tipo condomínio aberto e condomínio fechado.
Nos fundos do tipo condomínio aberto, o investidor integraliza e resgata cotas, geralmente com prazo D+30, disponíveis nas plataformas de investimento e também nos bancos.
Já nos do tipo condomínio fechado – mesmo tipo de condomínio dos fundos imobiliários – o investidor opta pelos fundos de infraestrutura listados na B3. Neste caso, é só buscar pelo ticker do fundo desejado e realizar uma ordem de compra por meio de uma corretora ou banco.
Desde 2020, a bolsa de valores brasileira permitiu que esses fundos pudessem ser listados no mercado secundário, ou seja, aquele no qual são negociados ativos financeiros entre si, sendo importante para o investidor que deseja comprar ações para receber dividendos.
Ao todo, atualmente, 11 fundos de infraestrutura são listados, mas esse número tende a crescer cada vez mais nos próximos anos.