O IFIX, principal índice de FIIs da Bolsa brasileira, encerrou maio no vermelho, demonstrando a preocupação dos investidores com o ciclo de alta da taxa básica de juros da economia (Selic). Alguns fundos imobiliários, inclusive, tiveram um desempenho ainda pior em suas cotações.
Enquanto o índice registrou um recuo de 1,56% no mês passado, alguns fundos imobiliários encerraram a última segunda-feira (31) na mínima histórica, como é o caso do SPTW11.
Os investidores estão com um pé atrás frente ao avanço da pandemia, e monitoram como isso pode influenciar a retomada das atividades e, consequentemente, a reutilização dos espaços imobiliários.
Quatro dos cinco fundos que mais caíram no mês passado são de tijolo. Três deles estão relacionados a lajes corporativas, que continuam entre idas e vindas durante a segunda onda — e ameaça da terceira — da Covid-19.
Confira os fundos imobiliários que mais caíram em maio:
- SP Downtown (SPTW11): -21,31%
- RB Capital Renda (RBRD11): -16,53%
- Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11): -8,87%
- FII Hectare CE (HCTR11): -7,02%
- XP Corporate Macaé (XPCM11): -6,76%
O SUNO Notícias foi atrás das razões que podem ter causado as variações de preços destes ativos. Vale ressaltar que esta matéria não configura uma recomendação de investimento.
SPTW11 volta a liderar baixas dos fundos imobiliários no mês
Assim como em abril, o SPTW11 foi o destaque negativo do mês. O fundo de tijolo, que possui dois ativos para uso comercial em São Paulo, sofreu com as preocupações causadas pela pandemia, que fizeram com que novas restrições fossem implementadas na cidade.
O fundo está concentrado em apenas uma inquilina, a multinacional Atento, o que pode trazer volatilidade às cotas. Na última segunda-feira (31), contudo, a empresa anunciou o pagamento de dividendos de R$ 0,61 por cota, que serão pagos no dia 8 de junho.
O SP Downtown encerrou maio cotado a R$ 48,78, após uma queda de mais de 20%. Atualmente, o patrimônio líquido do fundo é de R$ 93,40 milhões.
Varejo ainda em dificuldades
O RBRD11, por sua vez, representa o varejo em seus investimentos. O fundo possui quatro ativos, divididos entre os inquilinos Ambev (ABEV3), Megaloja e Ampla.
A gestora atua em três estados: Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Norte. Em abril, a ocupação física do fundo estava em 68%, mas sem vacância financeira.
O fundo informou a distribuição do rendimento de R$ 0,05 por cota, a ser creditado no dia 15 de junho, com a data-base sendo o dia 31 de maio. O pagamento perfaz um dividend yield de 0,083% sobre a cotação daquele dia, de R$ 60,10. As cotas caíram 16,53% em maio.
Rescisão antecipada assusta investidores
O RCRB11 recebeu, no dia 19 de maio, um comunicado formal da Mondelez Brasil informando sobre seu interesse na rescisão antecipada do contrato de locação de um imóvel do FII. A empresa é locatária do oitavo andar do Edifício Jatobá, e ocupa 1.712,5 metros quadrados do imóvel, o que corresponde a 4,2% da área total locada do fundo.
Com a futura devolução do imóvel, o fundo imobiliário passa a ter uma vacância física potencial de 18,6%, já excluído o 20° andar do Edifício Cetenco Plaza, que foi alienado pelo FII recentemente.
Entretanto, vale ressaltar que o contrato de locação prevê 180 dias de aviso prévio, adicionalmente ao pagamento da multa rescisória. Com isso, o fundo deve ser impactado pela quebra do contrato somente em 2022, caso o imóvel continue vazio até o final deste ano.
Mesmo assim, os investidores pesaram sobre as cotas, fazendo com que os papéis caíssem 8,87% no mês, para R$ 143,40.
HCTR11 dá o pontapé inicial em fundos imobiliários alternativos
Criado em 2018, o HCTR11 é um fundo imobiliário com foco em certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) “alternativos”, fugindo dos tradicionais ativos voltados para logística, shoppings ou ramo educacional.
Em março, a companhia anunciou a nona emissão de cotas, que pode levantar R$ 420 milhões. Em recente entrevista exclusiva ao SUNO Notícias, os gestores disseram que turismo, residências estudantis e moradias para idosos estão no horizonte do fundo.
Embora tenha sido um dos destaques do IFIX no ano passado, as cotas terminaram o mês passado de forma negativa. Os papéis recuaram 7,02%, para R$ 136,50.
Fundo monoativo vai mal em maio
Gerido pela XP Vista Asset, o XPCM11 também esteve entre as maiores baixas do mês passado. A companhia possui apenas um ativo, localizado em Macaé, cidade a 180 km da capital Rio de Janeiro.
O monoativo fica fora do eixo corporativo mais movimentado, o que faz com que o preço por metro quadrado praticado seja menor. Além disso, o fundo vem procurando se recuperar após a Petrobras (PETR4) rescindir o contrato e deixar o imóvel no fim do ano passado.
As partes fecharam uma indenização no valor de R$ 2,71 milhões, para as reformas no imóvel, além de uma multa rescisória de R$ 37,11 milhões, o equivalente a R$ 11,20 por cota, segundo o relatório gerencial de março.
Em meio às incertezas, o XPCM11, um dos fundos imobiliários geridos pela XP, encerrou maio com uma queda de 6,76%, com as cotas negociadas a R$ 40.
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