Uma das preocupações dos investidores de fundos imobiliários é uma possível taxação dos proventos desses ativos, hoje isentos de Imposto de Renda. Idalicio Silva, gestor da estratégia agro na AZ Quest, entende que esse projeto seria um “tiro no pé” do governo federal.
“Meu palpite é que tem pouco espaço para avançar uma agenda dessas no governo. Teria pouco espaço mesmo que o Executivo tivesse uma base forte [no Congresso]. Dar um ‘cavalo de pau’ agora é um tiro no pé que eles teriam”, comenta Silva durante o Fiagro Experience.
O ministro da Fazenda Fernando Haddad falou sobre a ideia do governo de taxar os dividendos do FIIs para reforçar a arrecadação e sustentar o projeto de arcabouço fiscal, que está em tramitação no Congresso Nacional. A ideia poderia constar também no projeto de reforma tributária, que também será discutido na Câmara dos Deputados e o Senado.
O evento promovido pelo Grupo Suno é realizado ao longo desta sexta (28) na Bolsa de Valores, em São Paulo, e reúne os principais players do agronegócio nacional para debaterem os rumos e oportunidades deste setor, um dos principais da economia brasileira.
No debate “Oportunidades e Desafios no Mercado de Crédito Agrícola“, os especialistas foram questionados sobre a possibilidade da taxação dos dividendos dos FIIs e se este movimento poderia impactar os Fiagros.
Dividendos dos fundos imobiliários serão tributados?
O gestor da AZ Quest responde o questionamento em dois ganchos: taxação de dividendos e o fim da isenção de produtos incentivados, como os FIIs e Fiagro. “Taxação de dividendos pode ter alguma penetração, a depender da força do governo. Parece que o governo é um pouco desconstruído com base no Congresso. Não tem uma base forte para que consigam aprovar isso”, analisa.
Sobre o fim da isenção para produtos incentivados, o profissional vê o projeto com uma chance “muito remota”. “Quando você olha o desenvolvimento do mercado imobiliário, foi criado um produto assertivo para poder fazer isso. O mercado trouxe o incentivo correto para fazer isso. Permitiu que a poupança de longo prazo viesse com um produto que antes não existia. O agronegócio ainda não tem essa penetração dentro do mercado de capitais“, complementa.
Renato Buranello, sócio na VBSO Advogados, também vê uma hipotética movimentação de taxar os dividendos dos FIIs de forma negativa: “É um tiro no pé, falamos que o governo quer incentivar o crédito privado e isso está bem claro para eles. Fazer isso [tributar fundos imobiliários e outros produtos incentivados] é um retrocesso enorme que vai botar pressão no governo”.