A indústria de fundos de investimento soma um saldo negativo de R$ 17,1 bilhões, segundo dados divulgados nesta semana pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Anbima.
Os dados consideram o acumulado de janeiro a setembro e são o balanço entre o dinheiro que entra nos fundos de investimento e os resgates que são feitos. No comparativo a indústria somou R$ 414 bilhões em captação líquida nesta mesma janela em 2021.
No momento, a aversão ao risco e a preferência pela renda fixa tem sido um dos principais fatores para essa mudança de panorama, segundo Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima.
“O desempenho dos fundos foi impactado por diversos fatores, como a corrida eleitoral, a escalada da inflação, a crescente aversão ao risco e, consequentemente, o aumento da atratividade de produtos de renda fixa isentos de imposto de renda, como os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários)”, disse.
Separados por classes, os fundos de investimento que tiveram o maior volume de saída de dinheiro foram os multimercados. Essa classe de ativo, segundo a Anbima, perdeu R$ 79,7 bilhões até então. Somente em setembro, foram R$ 10,4 bilhões retirados.
Os fundos de ações tiveram saída de R$ 3,9 bilhões em setembro, totalizando R$ 57,9 bilhões em saques líquidos em 2022.
Já os fundos de renda fixa tiveram resgates de R$ 12,2 bilhões em setembro, mas o saldo de 2022 é positivo, com R$ 94,7 bilhões em captação líquida.
Apesar desse cenário de retração na captação, o número de contas aumentou cerca de 10% em 2022, fechando o período com um volume de 32,7 milhões. Já em 2021, nesse mesmo período, o número de contas era 29,7 milhões.
Segundo a Anbima, os fundos imobiliários foram os principais catalisadores.
Classes de fundos de investimento com mais contas abertas
- Fundos imobiliários (2,3 milhões de novas contas)
- Renda fixa (826 mil de novas contas)
- Multimercados (291 mil novas contas)
Rentabilidade dos fundos de investimento
Os dados agregados da Anbima mostram que, no acumulado de 2022, os fundos de renda fixa têm uma rentabilidade próxima à taxa DI, que fechou o mesmo período em 8,9%.
Além disso, praticamente todos os fundos multimercado tiveram retorno positivo nesta janela. Nessa classe, os mais rentáveis foram do tipo long and short neutro, com uma média de 20,6% de retorno no período.
O destaque negativo foram os multimercados de capital protegido, que caíram 10,7%, na média.
Os fundos de ações também tiveram destaques positivos.
Os mais rentáveis foram os fundos que investem em uma só empresa, que retornaram quase 23% nesta janela, ante 20% de alta dos fundos mútuos do FGTS – que são os fundos de investimento que possibilitam investir o FGTS em estatais em processo de privatização.
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