A indústria de fundos de investimento terminou o ano passado com o patrimônio acumulado de R$ 5 trilhões. Os fundos ligados à renda variável representam 10,14% deste valor, maior participação desde 2013. As informações foram divulgadas pela “Economática“.
O estudo considera fundos de investimento presentes no mercado desde dezembro de 2010. Em comparação com dezembro de 2018, quando o patrimônio total era de R$ 4,35 trilhões, o aumento foi de 15,27%.
Na comparação em dólares, a indústria de fundos se mantém acima de US$ 1 trilhão desde o final de 2016.
A analista de fundos de investimento da SUNO Research, Gabriela Mosmann, atribui essa alta do valor patrimonial dos fundos ao desempenho da renda variável em 2019.
“É importante destacarmos alguns motivos desse crescimento. O mercado de capitais no ano passado teve um desempenho excelente, isso auxiliou no crescimento patrimonial de fundos que investem nesse segmento”, disse Mosmann.
O estudo também levanta a comparação entre o valor de mercado das empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) com o patrimônio dos fundos ao longo dos últimos anos.
Todas as empresas com capital aberto na B3 somam o valor de mercado de R$ 4,5 trilhões, menor que o total em posse dos fundos de investimento. A partir de 2014, principalmente, essa diferença, que era menor, expandiu-se.
Fundos de investimento em renda fixa mantém patrimônio superior
A alocação em renda fixa, como debêntures, depósitos a prazo de instituições financeiras e títulos públicos, em dezembro de 2019, representava 74,26% do total do patrimônio da indústria. Já os ativos de renda variável representam 10,14% do patrimônio do total.
O estudo considera todos os fundos que estiveram ou estão presentes no mercado desde dezembro de 2012 até dezembro do ano passado. A pesquisa considera, em renda variável, o termo Gross, que leva em consideração a soma de ações, BDRs, Units, posições doadas e posições short.
Embora os fundos de renda fixa permaneçam superiores, em termos de patrimônio, dos fundos de renda variável, a categoria perdeu aproximadamente 18% em participação do volume financeiro total.
Enquanto em dezembro de 2017 atingiam 82,37% de todo o patrimônio, em dezembro do ano passado equivaliam a 74,26%.
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“Também devido a esse bom desempenho [da renda variável], muitos novos investidores se interessaram por essa modalidade ao aplicar em fundos desta categoria. Podemos citar, também,que no final do ano passado, foi publicado pela Anbima que os fundos de renda variável tiveram recorde de captação, tanto historicamente como foram os que mais captaram dentre todas as categorias de fundos de investimento naquele ano”, disse a especialista Mosmann.
Em 2016, a taxa básica de juros (Selic) da economia estava acima de 14%, o que tornava os investimentos em renda fixa convidativos. Já no final de 2019, o Banco Central (BC), seguindo a sequência de cortes da taxa, reduziu a Selic a 4,5%, menor patamar na série histórica.
Segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (20), o mercado estima que a Selic a 4,5% deve se mantida até o final deste ano, o que pode continuar impulsionando os fundos de investimento.