Os fundos de infraestrutura (FI-Infra) investem em debêntures incentivadas, que são negociadas na bolsa de valores (B3). Com esses ativos, os investidores podem alocar seu capital em projetos de infraestrutura e obter rentabilidade acima da média do mercado.
Mas quais as vantagens em investir em FI-Infra? Quais os riscos desse mercado?
No geral, esses fundos possuem uma estrutura semelhante à dos fundos imobiliários, pagando rendimentos isentos de impostos.
Porém, em vez de estarem inseridos no mercado de imóveis, os FI-Infra investem em infraestrutura, emitindo ou comprando dívidas do setor de energia, transporte e estradas.
Para expor melhor as características dos fundos de infraestrutura, consultamos dois especialistas do setor, que apontaram as vantagens e desafios deste segmento de mercado.
Ambos destacaram o retorno acima da média, mas apontaram a necessidade de ser criterioso na identificação das boas gestoras de fundos.
Rentabilidade dos fundos de infraestrutura: maior que da renda fixa tradicional
De acordo com Miguel Ferreira, CEO da Bocaina Capital e gestor do FI-Infra BODB11, a necessidade de investimentos para esse setor no Brasil é muito grande, com espaço para crescimento do capital privado no financiamento de projetos de infraestrutura.
Isso reforça o quanto o setor é promissor como investimento. Embora os fundos de infraestrutura sejam investimentos de renda variável, os ativos de suas carteiras são de renda fixa, geralmente indexados ao IPCA. Por isso, os rendimentos dos FI-Infra tendem a ficar acima da inflação, trazendo ganhos reais aos seus investidores.
Os ativos que fazem parte da carteira dos FI-Infra são as debêntures incentivadas, títulos de dívida associados a projetos de infraestrutura. Neste caso, são dívidas do setor privado, dos segmentos de energia, saneamento, rodovias, entre outros. O mercado espera uma rentabilidade maior dessas debêntures, uma vez que os títulos públicos possuem risco menor.
Deste modo, o prêmio pago pelas debêntures incentivadas precisa superar os títulos do tesouro nacional, principalmente aqueles indexados ao IPCA. O investidor pode escolher se expor a esse mercado comprando debêntures por conta própria, ou investindo em fundos de infraestrutura.
De olho na rentabilidade, mas atento aos riscos
Diogo Arantes, consultor financeiro e criador do FII Fácil, lembra que os FI Infra possuem debêntures com taxas melhores do que os ativos do mercado secundário (aqueles em que a pessoa investe diretamente nas corretoras).
Porém, os fundos de infraestrutura também possuem o que Arantes chamou de “risco de mercado”. “Há uma volatilidade maior. Ou seja, para você vender o ativo, corre-se o risco de o preço do fundo estar menor que o de compra”, destaca.
Já na renda fixa tradicional, caso o investidor espere até o vencimento do ativo, teoricamente não terá prejuízo.
Além disso, os fundos de infraestrutura também têm riscos de crédito. As debêntures incentivadas são dívidas emitidas por empresas. Mesmo que existam garantias e instrumentos de controle de risco, o investidor precisa ficar atento na escolha do Fi-Infra.
Isenção de imposto de renda nos rendimentos e ganho de capital
Assim como nos fundos imobiliários, os fundos de infraestrutura também possuem isenção de imposto de renda nos seus rendimentos.
Praticamente todos os meses, os investidores de FI-Infra recebem dividendos sem qualquer tributação, grande vantagem para quem possui esse tipo de ativo em carteira.
Miguel Ferreira afirma que investir em fundos de infraestrutura possui esta vantagem: “Baixa volatilidade com retorno estável”.
Como complemento, o gestor acredita que é possível trabalhar uma boa quantidade de investimentos, com estabilidade de receita e rendimento acima da inflação.
Porém, os FI-Infra ainda possuem uma vantagem sobre os FIIs que muitos investidores desconhecem. O fundos de infraestrutura são isentos de impostos sobre o ganho de capital.
Ou seja, é possível vender as cotas de determinado fundo sem pagar tributos para o governo. Dentro de uma estratégia bem definida, o investidor pode potencializar seus ganhos somando o retorno dos rendimentos com o lucro da venda de cotas.
Em outros tipos de fundos, como os FIIs e o Fiagro, esse tipo de recurso não é possível, uma vez que os investidores precisam pagar imposto de 20% sobre o lucro da venda de seus ativos na bolsa.
Gestão profissional na seleção de ativos
Investir em fundos de infraestrutura traz grande vantagem no acesso a debêntures com alta rentabilidade e risco controlado. Esses ativos, em grande parte, não são acessíveis aos investidores pessoa física, mas estão nas carteiras dos FI-Infra.
Miguel Ferreira comenta que identificar projetos de infraestrutura e saber em qual alocar capital pode ser um desafio grande para o investidor individual atuar diretamente. Para este tipo de debênture incentivada, cabe um gestor profissional fazendo a análise de cada ativo.
Com os fundos, é possível investir em ativos do segmento de infraestrutura, contando com a expertise de profissionais na seleção dos produtos. Algumas gestoras fazem a originação das debêntures com as empresas que precisam de financiamento dos seus projetos.
Por isso, na estruturação dessas debêntures, existe um pacote de garantias reais junto às emissoras dos papéis. Isso significa que em caso de algum evento adverso de crédito, o fundo de infraestrutura pode acessar contrapartidas (executar garantias) para proteger ou recuperar seus investimentos.
É preciso compreender como funciona o trabalho de uma (boa) gestora
Esse é o aspecto mais importante em relação ao risco de um fundo de infraestrutura. Diogo Arantes comenta que o investidor precisa analisar a experiência do time de gestão, tanto no mercado de infraestrutura e quanto na originação de crédito: “Isso é o que vai definir muito bem uma boa gestora”.
Na visão do consultor de investimentos, o cotista corre riscos quando a gestora não realiza uma boa leitura de mercado, principalmente fazendo emissão de cotas quando as condições do mercado não são ideais. Além disso, a transparência da gestora na comunicação dos produtos é essencial na relação com o investidor.
Em outras palavras, os gestores precisam acompanhar de perto esse mercado, trazendo maior segurança ao investidor que pode comprar uma debênture isoladamente, sem conhecer os riscos do ativo. Por outro lado, cabe ao investidor estudar e conhecer o trabalho das gestoras.
Por fim, os fundos de infraestrutura são ativos geradores de renda. Investir em FI-Infra é uma possibilidade real de diversificação de carteira com retorno protegido pela inflação, mas é necessário estar atento aos riscos.
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