Fundos de crédito privado se beneficiam da alta da Selic? Entenda
Em um cenário marcado por juros elevados, com a taxa Selic em 13,25% ao ano, alguns ativos do mercado financeiro enfrentam desafios, especialmente as ações mais sensíveis à curva de juros. No entanto, esta conjuntura pode ser especialmente favorável para determinadas classes, como é o caso dos fundos de crédito privado.
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O panorama para os próximos meses indica a manutenção dos juros em patamares elevados. Segundo a mediana das projeções do Boletim Focus, a taxa básica deve atingir 15% até o final de 2025 – o que representaria o maior nível desde 2006. Este cenário tem atraído a atenção dos investidores para estratégias de renda fixa.
“Embora um novo aumento da mesma magnitude seja amplamente aguardado, o tom do comunicado do Copom foi interpretado como mais moderado, sugerindo menor disposição para elevações adicionais, além da já prometida de 1% em março”, analisa a equipe de gestão da Fator em sua carta mensal.
Neste contexto, os fundos de crédito privado aparecem como uma alternativa interessante para os investidores. Basicamente, esta classe consiste em ativos que alocam recursos em títulos de dívida emitidos por instituições financeiras, empresas e securitizadoras.
O portfólio destes fundos pode incluir CDBs, Letras Financeiras, Debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs).
Vale a pena investir em fundos de crédito privado neste momento?
A manutenção da taxa Selic em dois dígitos impacta positivamente a rentabilidade destes ativos por diferentes razões. Em primeiro lugar, grande parte dos títulos que compõem as carteiras desses fundos são indexados ao CDI (que acompanha de perto a Selic), o que significa que os rendimentos sobem quando a taxa básica aumenta.
Além disso, quando a Selic está alta, as empresas que emitem títulos de dívida precisam oferecer taxas mais atrativas para compensar o maior custo de oportunidade dos investidores. Isso resulta em papéis com spreads mais elevados, o que pode aumentar o potencial de retorno dos fundos.
O atual cenário também tem provocado uma migração de recursos de outras classes de ativos, como ações e fundos multimercado, para estratégias de crédito privado. Este movimento tende a valorizar os papéis que compõem as carteiras desses fundos.
“O ano de 2025 iniciou com um mês positivo para os fundos de crédito. O mercado local de crédito high grade performou bem, principalmente as debêntures CDI, que tiveram uma recuperação de preços”, destaca a AZ Quest em seu relatório mensal. No primeiro mês do ano, o AZ Quest Debêntures Incentivadas, fundo gerido pela empresa, apresentou rentabilidade superior ao CDI.
O desempenho positivo também pode ser observado em outros produtos do segmento. O Fator Debêntures Incentivadas, fundo gerido pela Fator que possui uma estratégia de crédito privado, acumula uma variação positiva de 1,48% neste ano.
É importante ressaltar que esta matéria tem caráter informativo e não representa uma recomendação de investimento. A decisão de investir em fundos de crédito privado ou em qualquer outro produto financeiro deve ser tomada com base no perfil de risco e nos objetivos de cada investidor