“Por ora, acho dinheiro em caixa bom. Não quero possuir dívida, títulos, esse tipo de coisa”. A declaração não é de uma pessoa comum, mas sim do bilionário Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, o maior fundo de investimentos hedge do planeta. Ao falar caixa, o bilionário está se referindo a deixar os seus recursos em fundos e ativos de curto prazo e liquidez imediata do mercado.
No Brasil, aplicações similares a essa são os fundos cash, ou fundos caixa. São fundos de investimento de baixo risco, não expostos a crédito corporativo privado, alta liquidez e rentabilidade próxima ao CDI.
Buscar este tipo de investimento tem sido uma tendência tanto no mercado internacional quanto no Brasil e o movimento está relacionado à relação assimétrica entre o risco e o retorno do crédito privado corporativo.
Segundo dados da Comdinheiro, no primeiro semestre os fundos caixa brasileiros captaram R$ 23,37 bilhões, contrastando com a indústria como um todo que, segundo a Anbima, registrou mais resgates do que aportes e acumulou uma perda acima de R$ 200 bilhões em igual período.
A pesquisa da Comdinheiro analisou o desempenho de 128 fundos de investimentos, dos 25 mil existentes e, para chegar a esse número, utilizou como métricas a volatilidade anualizada abaixo de 0,5%, número mínimo de 500 cotistas, além de zero exposição ao crédito privado.
“Estamos vendo o investidor mais seletivo, buscando opções no mercado que deem rentabilidade alinhada ao CDI, com baixo risco e que não exibam sobressaltos de rentabilidade”, afirma o diretor da Comdinheiro, Filipe Ferreira.
Movimento de saída de fundos expostos a crédito privado
O movimento de saída dos fundos expostos a crédito privado foi mais intenso nos primeiros meses do ano por causa da crise de crédito que assolou as empresas, principalmente aquelas ligadas ao varejo.
As perdas dos fundos de renda fixa, tidos como porto seguro por milhões de cotistas, demonstram o tamanho dos riscos a que os investidores estavam expostos.
“São fundos, na maioria das vezes, caros, com taxas altas de gestão e performance, justamente porque controlar crédito corporativo é trabalhoso, precisa de gente, sistemas e processos que, não raramente, nem a melhor estratégia de diversificação resolve. Uma parte relevante do ganho destes fundos, portanto, fica com a própria gestora. E a maior parte do risco, com o investidor”, alerta o gestor da Trópico Investimentos, Fernando Camargo Luiz.
Dados de mercado dão conta de que 26 fundos de crédito com cerca de 3 milhões de cotistas tiveram perdas somente com a desvalorização dos títulos da Light (LIGT3).
“Estes milhões de investidores foram pegos de surpresa, sofrendo as consequências dos riscos assimétricos assumidos pelos gestores, o que prejudica a confiança da indústria como um todo e tem levado à migração”, lembra Luiz.
Pelo regulamento, os fundos DI e gestores têm autorização para alocar até 10% dos recursos em crédito privado corporativo e o risco é apresentado como “estatístico”, mas acabam apresentando uma assimetria na relação risco e retorno, o que leva os cotistas que não procuravam por este tipo de risco a perdas a perdas.
A maioria dos fundos caixa está categorizada na renda fixa, mas existem cinco classificados como multimercados. É o caso do Trópico Cash Plus FIM, que acaba de completar um ano de mercado e já acumula um patrimônio líquido de mais de R$ 210 milhões.
No período, sua rentabilidade acumulada é de 110% do CDI. Além da rentabilidade e baixo risco, atrai o investidor a liquidez. Os recursos podem ser sacados em D+2, ou seja, 2 dias após o pedido de resgate sem carência.
“O fundo tem sido reconhecido pelo mercado como uma excelente opção para investidores que procuram aplicar recursos líquidos, com retorno superior ao CDI, incorrendo em zero nível de exposição ao risco de crédito privado corporativo e baixa volatilidade. Atende tanto pessoas físicas, quanto outros fundos e empresas que procuram opções para alocarem seu caixa de curto prazo”, diz Luiz.
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