Mesmo com a alta de 14,5% do Ibovespa no primeiro trimestre de 2022, os fundos de ações registraram o pior desempenho dos últimos cinco anos, acumulando resgates de R$ 31,9 bilhões. O mesmo aconteceu com os multimercados, que tiveram uma captação líquida negativa de R$ 41 bilhões. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) nesta quinta-feira (7).
De acordo com Pedro Rudge, diretor da Anbima, o movimento é explicado pela mudança de preferência dos investidores em meio à alta da taxa Selic, bem como diante de um cenário mais incerto e volátil.
No primeiro trimestre de 2020, em meio à queda dos juros, os fundos de ações tiveram captação líquida de R$ 46,1 bilhões e os multimercados, de R$ 25,3 bilhões. Já os fundos de renda fixa registraram saída líquida de R$ 61,7 bilhões. Agora, com a Selic em 11,75% ao ano e perspectivas de novas altas da taxa básica, o jogo virou.
“Em um momento de maior incerteza e alta dos juros, produtos mais conservadores tendem a ganhar mais relevância – e foi isso o que vimos no primeiro trimestre”, disse Rudge, durante conversa com jornalistas.
Entre janeiro e março, os fundos de renda fixa registraram captação líquida de R$ 109,2 bilhões, segundo a Anbima, ante R$ 63,8 bilhões um ano antes. E a expectativa é de que esse movimento de rebalanceamento das carteiras continue.
“Com os juros em patamares elevados, o apetite a produtos de renda fixa vai continuar tendo participação importante. Lembrando que temos eleições este ano, o que adiciona volatilidade e pode fazer com que o apetite ao risco cresça ou diminua, à medida que as coisas fiquem mais claras, assim como o discurso dos candidatos”, afirmou o executivo da Anbima.
Captação da indústria de fundos cai 57%
Diante de um ambiente mais volátil, a indústria de fundos de investimento teve, no acumulado dos três primeiros meses de 2022, uma captação líquida de R$ 46,1 bilhões. O resultado representa uma queda de 57% em relação ao apresentado no mesmo período de 2021, quando houve entrada líquida de R$ 107 bilhões.
No período, o patrimônio líquido cresceu 11,7%, para R$ 7,2 trilhões, enquanto o número de contas e fundos cresceu 17,4% e 15,8%, respectivamente.
Segundo Rudge, a expectativa é de que a indústria de fundos continue a apresentar crescimento, possivelmente em uma velocidade menor do que a observada nos últimos trimestres. “Temos visto cada vez mais produtos, fundos e novos gestores no mercado e o investidor já entendeu que é importante diversificar o patrimônio. São alternativas mais interessantes para o investidor quando se compara a poupança ou aos CDBs, por exemplo”, completou.
Ver mais em Bloomberg Línea Brasil
Notícias Relacionadas