‘Independente da crise, nosso fundo nunca caiu mais do que 4%’, diz gestor de fundo quantitativo da Rio Bravo
O gestor André Blanco, do Rio Bravo Sistemático – um fundo quantitativo que usa Inteligência Artificial (IA) e algoritmos para negociar – cita que, apesar do estigma de risco com o tipo de ativo, há uma baixa volatilidade no caso do produto que gere. Blanco concedeu entrevista exclusiva ao Suno Notícias nesta terça-feira (31), no quadro Almoço com Gestor, que vai ao ar todas as semanas no canal do Suno Notícias.
O fundo quantitativo da Rio Bravo, vale lembrar, não utiliza a estratégia de high frequency – recorrentemente associada ao tipo de ativo, que ficou mais popular após retornos astronômicos do fundo Medallion, do matemático Jim Simons.
“Não desenhamos o fundo voltado para um perfil de investidor específico; achamos que, apesar do perfil arrojado, cabe em qualquer carteira de investimentos“, relata Blanco.
“O fundo nunca teve uma queda maior do que 4% ou 4,5%. Ele pode ser considerado arrojado por conta de ter posições vendidas [short]; mas, olhando em termos de risco, olhando o máximo drawdown, ele se encaixa em qualquer perfil. Ele é muito descorrelacionado da maioria dos índices, como Ibovespa, CDI e outros benchmarks”, complementa.
O gestor do fundo aponta que mesmo com crises como o Joesley Day, greve dos caminhoneiros e outros problemas, há uma resiliência e baixas registradas que ficam melhor do que outros pares.
Atualmente, segundo dados da plataforma Mais Retorno, o fundo multimercado possui 6,77% de volatilidade nos últimos 12 meses, com rentabilidade de 7,8% no mesmo período.
Desde meados de 2018 o fundo fica com rendimento acima do CDI – benchmark padrão para multimercados. O retorno acumulado desde o início, em 2015, é de cerca de 70%, ante 69% do CDI.
Foram 44 meses acima do CDI ante 41 abaixo, e 59 meses com rentabilidade positiva ante 26 que registraram quedas. O índice de sharpe, nos últimos 12 meses, foi de -0,32.
No portfólio, constam ativos como ações do Bradesco (BBDC4) e da Petrobras (PETR4), e NTN-Bs (ou Tesouro IPCA) com vencimento para 2023 e LFTs.
Fundo prefere Petrobras e petroleiras em detrimento de mineradoras
Em um ano marcado por volatilidade no cenário interno e global, o investidor pode encontrar muitos desafios para tomar a escolha certa, de acordo com seu perfil e apetite ao risco.
Com Petrobras e Vale (VALE3) em momentos diferentes o gestor vê o cenário atual como difícil e repleto de incertezas.
Mas pondera: “Muitos acham que tudo já está precificado, mas não podemos prever o que virá amanhã”.
Não só o investidor pode não saber para qual caminho seguir, mas as principais autoridades dos bancos centrais ao redor do mundo também encaram a dúvida.
O Banco Central do Brasil deixou a questão clara na última ata do Copom. Da mesma maneira, o Federal Reserve, dos Estados Unidos, aguarda dados da economia local para ter ideia dos próximos passos em relação aos juros.
“Com os juros no patamar de 13,75%, fundos de crédito e um fundo sistemático são opções interessantes para se proteger desse período atual, de tantas incertezas, e acumular ganhos. Do ponto de vista da renda variável, nem sempre dá para acertar o timing, então é interessante sempre estar presente no mercado, de acordo com seu perfil de risco”, segue o gestor da Rio Bravo.
Utilities são ‘top picks’ do momento
O gestor, em entrevista, também citou que o setor de utilities – serviços, que inclui empresas de energia e saneamento – para o radar do investidor.
“Temos uma alocação maior nessa área, que paga mais dividendos e, portanto, tem uma postura mais defensiva”, diz. Além disso, o segmento é visto como ‘descontado’ atualmente, o que pode ser um fator atrativo ou de cautela: “Vai do perfil do investidor avaliar se essa é a hora de fazer a alocação, dado o cenário geral do mundo e do país”, comenta o gestor do fundo.