Fundador da Huawei dá primeira entrevista após prisão da filha
O fundador da gigante chinesa Huawei, Ren Zhengfei, manifestou-se publicamente nesta terça (15) pela primeira vez após a prisão de sua filha, Meng Wanzhou. Diretora financeira da empresa, ela foi detida em dezembro no Canadá sob suspeita de ter violado sanções impostas pelos Estados Unidos ao Irã.
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Em entrevista ao jornal Financial Times, Ren Zhengfei negou que a Huawei seja usada pelo governo da China para fins de espionagem. Ele afirmou também sentir saudades da filha, que responde a um pedido de extradição do governo americano.
“Eu amo o meu país, eu apoio o Partido Comunista, mas eu nunca faria nada para prejudicar qualquer país do mundo”, disse o executivo. Ele declarou nunca ter recebido qualquer pedido do governo para fornecer informações impróprias.
Apesar de ter se tornado a maior empresa privada da China, Ren manteve a privacidade. É a terceira entrevista concedida à imprensa internacional – a primeira nos últimos três anos.
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Ren descartou problemas de segurança e risco à privacidade nos equipamentos produzidos por sua empresa. Ele disse que “nenhuma lei na China exige que companhias instalem backdoors obrigatórios”. Também minimizou os riscos de a Huawei ter o acesso a certos mercados bloqueado quando da instalação das redes 5G.
“Isso sempre foi assim, você não pode trabalhar com todo mundo”, disse. “Nós vamos mudar o nosso foco para servir melhor os países que recebam bem a Huawei“.
A prisão de Meng Wazhou no Canadá
Wanzhou Meng foi presa em Vancouver, no Canadá, em 6 de dezembro de 2018.
A diretora da Huawei foi detida pelas autoridades canadenses a pedido da justiça dos Estados Unidos. Ela é acusada de ter violado sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos contra o Irã.
Meng é filha do do fundador da Huawei, Ren Zhengfei, e é vice-presidente do conselho consultivo da empresa.
A Huawei é a maior fabricante de equipamentos de telecomunicações da China e a segunda maior fabricante de smartphones do mundo. Ela ultrapassou a Apple em 2018. A maior do mundo é a coreana Samsung.
A prisão teria sido realizada no último sábado (1º) mas veio à tona somente na noite desta quarta-feira (5).
O Departamento de Justiça do Canadá afirmou que os EUA solicitaram a extradição de Meng e que uma audiência para fiança foi marcada para esta sexta-feira (7).
Em nota, a Huawei confirmou a prisão da filha do presidente da companhia e negou qualquer “comportamento ilegal cometido por Meng”. “A empresa acredita que os sistemas legais de Canadá e EUA irão chegar a uma conclusão justa”, informou.