Funcionários do Google criam primeiro sindicato do Vale do Silício

Os sindicatos chegaram até o Vale do Silício. Um grupo formado por 225 funcionários do Google (NASDAQ: GOOG; GOOGL) anunciou na última segunda-feira (4) a criação da primeira organização em defesa dos seus direitos trabalhistas, p Alphabet Workers Union.

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A criação do sindicato do Google – o melhor, em sua holding, a Alphabet – é um evento inédito no Vale do Silício, que sempre foi contrário às organizações sindicais, consideradas um legado do passado na terra do futuro.

E a criação do Alphabet Workers Union dentro de uma das empresas consideradas como os campeões da nova economia como o Google foi algo ainda mais inesperado.

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Isso pois laboratórios de tecnologia avançados como o buscador mais famoso do mundo tem em grande parte executivos ou trabalhadores “colarinhos brancos”, que normalmente não se juntam a organizações sindicais.

Após um ano de mobilização, os funcionários da gigante de Mountain View se organizaram e criaram um sindicato que possa representar todos os que queiram entrar nele. Inclusive os trabalhadores temporários e terceirizados.

E o Alphabet Workers Union já ganhou o apoio da Communications Workers of America, um dos maiores sindicatos do setor de telecomunicações nos Estados Unidos.

Os funcionários do Google que queiram se associar pagarão 1% de sua remuneração anual ao sindicato. O dinheiro será usado para pagar honorários advocatícios e organizar a estrutura sindical.

Demandas crescentes dos trabalhadores do Google

As crescentes demandas dos funcionários do Google para revisar as políticas da empresa sobre salários, especialmente os milhões de dólares ganhos pelos diretores, assédio e questões éticas aceleraram o processo de organização do sindicato, após anos em que a empresa e outros grupos de trabalhadores tinham feito resistência a ideia de criar um sindicato.

O Alphabet Workers Union se destaca dos sindicatos tradicionais pois não buscará obter os direitos de negociar um novo contrato de trabalho dentro da empresa.

Em vez disso, o objetivo é ser ouvido pela diretoria do Google sobre questões que pautaram o dialogo e o confronto dentro da empresa nos últimos anos.

“O lema da nossa empresa é ‘Não seja mau’. E uma força de trabalho organizada nos ajudará a respeitar esse lema”, explica uma carta do sindicato do Google publicada no New York Times, “Por muito tempo, milhares de nós no Google apresentaram preocupações com o trabalho que foram rejeitadas pelos gerentes. Nossos patrões têm colaborado com governos repressivos, desenvolvido tecnologia utilizada pelo Departamento de Defesa e lucrado com anúncios de grupos de ódio”.

Entre os alvos do sindicato do Google está, por exemplo, o polêmico Projeto Maven, que desenvolveu a inteligência artificial para melhorar ataques com drones das Forças Armadas dos EUA.

A questão é saber se o novo sindicato do Google vai ser realmente representativo dos trabalhadores ou se será apenas o palanque de uma minoria barulhenta. Isso pois o buscador tem mais de 260 mil funcionários, sem contar os terceirizados, e o sindicato reúne apenas 225 pessoas. Pelo menos por enquanto.

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Carlo Cauti

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