Fui ‘tolo’ ao investir na WeWork, diz CEO do SoftBank
O fundador e CEO do fundo de investimento japonês SoftBank, Masayoshi Son, declarou nesta segunda-feira (18) que foi “tolo” em investir na empresa de compartilhamento de escritórios WeWork.
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“Foi tolo de minha parte em investir no WeWork. Eu estava errado”, declarou Son, comentando os resultados trimestrais do SoftBank. A startup era considerada uma empresa com um futuro promissor, e chegou a ser avaliada US$ 47 bilhões (cerca de R$ 280 bilhões) em 2019.
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Entretanto, no final do ano passado esse valor caiu para US$ 7,3 bilhões. E em seu balanço o SoftBank avaliou a WeWork em apenas US$ 2,9 bilhões. Os aportes que o fundo japonês realizou na empresa foram mais de US$ 10 bilhões ao longo dos anos, antes da realização do oferta pública inicial de ações (IPO). Com a operação, realizada no começo de 2019, a startup captou US$ 2 bilhões.
Também por causa dessa situação, e pelas contas negativas da WeWork, O Vision Fund do Softbank, que tem uma dotação de US$ 100 bilhões para investimentos em startups como a WeWork, registrou um prejuízo anual de US$ 18 bilhões.
O Vision Fund possui participação em mais de 88 startups. Embora já tenha investido em empresas como Uber, WeWork, além das brasileiras Gympass e Loggi e do Banco Inter (BIDI11), só teve o retorno de US$ 4,8 bilhões.
Resultados negativos
O SoftBank divulgou, na madrugada desta segunda um prejuízo líquido de US$ 9 bilhões no ano fiscal encerrado em março deste ano. Esse é o pior resultado da companhia em seus quase 40 anos de história. O Vision Fund registrou uma perda de US$ 16,8 bilhões.
Devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que atingiu diversas empresas de seu portfólio, somente nos primeiros três meses deste ano, a perda acumulada foi de US$ 10,26 bilhões.
No mês passado Son disse que cerca de 15 empresas apoiadas pelo fundo irão à falência por causa dos efeitos da crise. Além disso, em recente entrevista à Forbes, o executivo disse que o fundo não realizará novos aportes para empresas próximas a falência, se concentrando apenas em salvar suas apostas fundamentais.
WeWork processa o SoftBank
A WeWork iniciou uma ação judicial contra o SoftBank no começo de abril após o fundo japonês retirar sua oferta de compra de US$ 3 bilhões em ações da empresa.
Segundo a startup, o conglomerado japonês “se envolveu em uma campanha intencional para evitar a conclusão da oferta pública”.
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Segundo fonte próxima, o cofundador da WeWork, Adam Neumann, ainda estuda suas opções legais. O ex-CEO da empresa poderia se encarregar do processo ou buscar uma ação legal separadamente, aponta o aponta informações do site Business Insider.
A desistência da oferta pública teria prejudicado investidores e até 2 mil ex-funcionários e atuais. Os empregados representavam cerca de US$ 450 milhões da oferta pública. Além disso, Neumann poderia ter vendido até US$ 970 milhões de sua participação na empresa.
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A decisão do conglomerado japonês também significa que a linha de crédito de US$ 1,1 bilhão não será liberado a Wework. O financiamento da dívida somente estaria disponível na condição do Soft bank concluir o plano de compra de ações.
Segundo a WeWork, a não execução da oferta é uma violação do SoftNank às obrigações contratuais e fiduciárias com os acionistas minoritários da empresa.
Além disso, o grupo responsabilizou o conglomerado por continuar a colocar “seus próprios interesses à frente dos interesses dos acionistas minoritários da WeWork”.
Os membros entraram com a ação no estado de Delaware por prerrogativa de quebra de contrato e quebra de dever fiduciário. O comitê especial alega que o investidor tinha ciência das investigações e de um processo a acionistas quando concordou com a oferta pública para outubro.
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Antes o do Softbank entrar com o pacote de resgate, a WeWork ficou a poucas semanas de ficar sem dinheiro. A medida ajudou a dar suporte no curto prazo, no entanto os custos operacionais da companhia de coworking continuam altos.