Fuga de investidores estrangeiros da B3 chega a R$ 87,5 bi em 2020, diz BC

O Banco Central (BC) informou nesta quinta-feira (15) que a fuga de investidores estrangeiros da B3 já representou uma saída de R$ 87,5 bilhões em capital externo do mercado acionário nacional no período entre janeiro e setembro deste ano. Ao passo que a retirada de não residentes registrou R$ 44,5 milhões em 2019, representando a maior fuga até então desde o início da série histórica da bolsa de valores do Brasil, em 2004.

Segundo o BC, neste ano as saídas se aprofundaram devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), tendo como o pior período o mês de março, quando foram sacados R$ 24,2 bilhões. Além disso, o saldo ficou negativo até maio, sendo sucedido por uma entrada de R$ 343 milhões de capital estrangeiro em junho. Entretanto, em julho e agosto as saídas foram de R$ 8,4 bilhões e R$ 444,1 milhões, respectivamente.

A B3 alertou que esse movimento de fuga é preocupante devido aos investidores do exterior, que mesmo com a debandada recente, continuam equivalendo à uma parcela significativa da bolsa do Brasil. De acordo com a B3, os investidores estrangeiros foram responsáveis por 48,59% do volume total (compras e vendas de papéis) movimentado em setembro deste ano.

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BC fala sobre estímulos fiscais

O Banco Central divulgou ainda que o Brasil é o quarto país que mais adotou estímulos fiscais como percentual de seu Produto Interno Bruto neste ano. No País, a medidas de combate aos efeitos da pandemia tiveram um volume de cerca de 9,5% do PIB. A lista registrou os seguintes países:

  1. Japão: 16% do PIB
  2. Canadá: cerca de 12%
  3. Estados Unidos: cerca de 12%

Enquanto a Alemanha ficou empatada com o Brasil na quarta posição (9,5%).

 “Choque fiscal explica parte da depreciação cambial dos países emergentes”, diz Campos Neto

Além do anúncio sobre a fuga de investidores, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, declarou nesta quinta-feira (15) em palestra durante evento promovido pela XP Investimentos, que o “choque fiscal explica parte da depreciação cambial dos emergentes”.  No Brasil, em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e das preocupações do mercado financeiro em relação à sustentabilidade fiscal do País, o dólar acumula alta de cerca de 40% ante o real em 2020.

O presidente do BC falou durante o evento sobre a política monetária adotada pelo banco. Segundo Campos Neto, “devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”.

“Consequentemente, eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva”, informou Campos Neto.

O mandatário do BC também ressaltou que “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado” e que a instituição não tem a “intenção de reduzir o grau de estímulo monetário, a menos que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estejam suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária”.

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Rafaela La Regina

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