Após um ano do escândalo da Americanas (AMER3), que abalou o mercado de capitais brasileiro, o saldo negativo para os credores da varejista é de aproximadamente R$ 14 bilhões.
A fraude da Americanas, que afetou drasticamente o mercado de crédito, gerou um impacto imediato nos credores da companhia – incluindo o Bradesco (BBDC4), que tinha a maior exposição nominal ao caso.
A companhia, assim como o Itaú (ITUB4) e o BB (BBAS3), decidiu provisionar 100% do valor, provocando um efeito direto no balanço trimestral do 4T22, divulgado semanas após a revelação do escândalo contábil.
Atualmente, a Americanas soma R$ 36,8 bilhões em dívidas financeiras, incluindo os empréstimos com bancos credores e os títulos de dívidas que são detidos por debenturistas.
Em meio à seu processo recente de recuperação judicial, com acordos costurados há pouco tempo, a varejista deve ter uma fatia do seu capital social abocanhada por partes desses credores.
Isso, dado que no âmbito do plano de recuperação judicial da Americanas estão previstas injeções de capital via ofertas de ações – que tem potencial de diluir os atuais acionistas e dar até 48% do capital da empresa para os credores.
Como devem ficar as ações da Americanas em 2024?
No dia 11 de janeiro de 2023, as ações da Americanas fecharam cotadas a R$ 12,00 e despencaram para R$ 2,72 no dia seguinte. Segundo o último fechamento da quarta-feira (10), valem menos de R$ 0,84.
Pouco mais de uma semana depois da divulgação das inconsistências contábeis da Americanas, em 19 de janeiro, dia em que a Americanas entrou com o pedido de recuperação judicial, a B3 (B3SA3) comunicou que a varejista teria todos os seus títulos excluídos de todos os índices da bolsa brasileira.
O ativo AMER3 segue negociado normalmente, mas listado sob o título de “recuperação judicial”.
Com a aprovação do plano de recuperação judicial em Assembleia Geral de Credores (ACG) no último mês de dezembro, a tendência é a de que a sua homologação judicial ocorra ainda no mês de janeiro e, com isso, o valor das ações comece a apresentar alguma retomada, avalia Bitar, da Fonseca Brasil Advogados.
“Com o cumprimento dos aportes de capital dos acionistas de referência e os pagamentos previstos no plano de recuperação judicial como mais imediatos, a Americanas se posiciona em um cenário de recomeço e isso auxiliará a recuperação do valor das ações. Mas essa retomada deve ser tímida e estabilizar-se ao longo de 2024, tendo em vista a natural desconfiança do mercado”, explica.