Após anunciar o fechamento da fábrica em São Bernardo do Campo, o presidente da Ford disse que a montadora tentou manter a viabilidade da operação, buscando alternativas para permitir seu funcionamento. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entretanto, questiona a declaração.
O sindicato dos metalúrgicos afirmou que a Ford não tentou negociar novos acordos, investimentos ou alternativas para manter a unidade aberta. A fábrica que vai ser fechada produz as linhas Cargo, F-4000, F-350 e o carro Fiesta. Os modelos deixarão de ser comercializados assim que acabarem os estoques.
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Os metalúrgicos da Ford decidiram entrar em greve contra a decisão após uma assembleia na última terça (19). No entanto, uma nova assembleia deve ser realizada na próxima semana.
“Nós lutamos, fizemos de tudo para que isso não ocorresse. Precisamos ir todos para a casa e retornar na semana que vem. Até lá é greve”, disse o coordenador-geral do Comitê Sindical na Ford, José Quixabeira de Anchieta.
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O presidente da Ford para a América do Sul, Lyle Wattersm afirmou em vídeo que o desempenho da empresa no subcontinente não é sustentável. Segundo ele, as operações, que não dão lucro, exigem que a montadora precise reformular seus negócios “com urgência”. “Embora seja uma decisão difícil do ponto de vista pessoal, as realidades do negócio foram evidentes. O negócio precisaria de um volume expressivo de investimentos para atender às necessidades do mercado, incluindo novas tecnologias e aumento de ações regulatórias, sem um caminho viável para a lucratividade”, declarou.
Empresa anuncia fim de atividades
Na última terça-feira (19), a Ford anunciou que fechará sua fábrica em São Bernardo do Campo. Além disso, a empresa afirmou que vai deixar o segmento de caminhões.
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De acordo com a montadora, essa medida é um dos passos para “o retorno a lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul”.
Efeito cascata nas demissões
Caso a Ford realmente saia de São Bernardo do Campo, distribuidores e fornecedores da montadora devem quebrar em seguida, por conta da falta de demanda. O fim das atividades da unidade pode causar até 24 mil demissões, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Apenas a montadora deixaria cerca de 2,8 mil funcionários desempregados, segundo o sindicato.