Após a Ford anunciar nesta segunda (11) que fechará todas suas três unidades no Brasil, políticos, entidades e sindicatos se manifestaram a respeito da decisão da montadora de veículos americana, que foi a primeira a estabelecer uma fábrica no Brasil em 1919.
Para a Federação das Indústrias de São Paulo, a Fiesp, a decisão mostra que são necessárias mudanças estruturais no país para reduzir o chamado Custo Brasil. “Temos defendido uma agenda que melhore o ambiente de negócios e aumente a competitividade dos produtos brasileiros. Isso não é apenas discurso. É a realidade enfrentada pelas empresas”, afirmou em nota.
A Fiesp utilizou o acontecimento para criticar a recente movimentação do estado de São Paulo, que busca aumentar as tarifas do imposto de circulação de mercadorias, o ICMS.
A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) pediu que governos federais, estaduais e municipais tratem de forma urgente a questão das mudanças. A entidade afirmou também que a reforma tributária deve ser prioritária.
Sindicatos também se mostraram surpresos com a decisão da Ford de fechar as fábricas de Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE). Apenas de maneira direta, cinco mil vagas de emprego serão fechadas.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim, afirmou que cerca de 12 mil empregos devem ser fechados na região por conta do fechamento e disse que a saída da empresa é algo que “bate nas costas de maneira forte”. A planta baiana é a que concentrava, entre todas as fábricas, o maior número de funcionários.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté realizou no final da tarde de ontem uma assembleia geral, sem ainda se manifestar.
Entre os motivos para o fechamento das operações da Ford, estão:
• Recente queda da participação no mercado interno da montadora (apenas 7,14% em 2020)
• Prejuízos acumulados desde 2013
• Foco em setores que dão mais lucro e no desenvolvimento de tecnologias
Saída da Ford gera crítica de políticos, Ministério da Economia defende ser “decisão global”
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a saída da Ford do Brasil mostra falta de credibilidade do Governo Federal. Maia disse também que a decisão da montadora evidencia a ausência de regras claras, de segurança jurídica e de um sistema tributário racional.
O Ministério da Economia, em nota, afirmou que a decisão da companhia é global e destoa da recuperação que a maioria dos setores da indústria vem mostrando no país, com muitos em patamares superiores daquilo que era registrado no pré-crise.
Para o vice-presidente, Hamilton Mourão, em conversa com jornalistas no fim da tarde de ontem, afirmou que a decisão surpreendeu e que acredita que a Ford tenha ganhado bastante dinheiro em solo nacional.