A Ford (NYSE: F) entrou em um acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (BA) para a realização de um Programa de Demissão Voluntária (PDV). O processo começará nesta semana e pagará até R$ 93 mil em salário extra para colaboradores que aderirem ao programa.
A Ford também prorrogará até o fim deste ano a suspensão de contrato de trabalhos (lay-off) de aproximadamente 1,45 mil funcionários próprios e de fornecedores que trabalham dentro do complexo baiano. Eles estão fora da unidade desde março e, de acordo com o presidente do sindicato, Júlio Bonfim, o prazo poderá ser estendido até maio se necessário.
A companhia é a terceira entre as cinco maiores fabricantes de veículos do Brasil a realizar PDV para cortar a ociosidade de mão de obra nas plantas, intensificada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Dentre as maiores montadoras, Fiat e Hyundai ainda não anunciaram medidas dessa natureza.
Pelos termos estabelecidos no programa, o valor mais alto será pago a quem trabalha na Ford há mais de 17 anos. Para os demais o valor pode variar de R$ 40 mil a R$ 80 mil, a depender do tempo de contrato. A companhia fechou a fábrica do ABC paulista em 2019 e atualmente tem 6,5 mil empregados em Camaçari. Outros 3,5 mil estão nos fornecedores de peças do complexo.
Através de um comunicado, a Ford informou que “o objetivo é ajustar os níveis de produção à significativa desaceleração do mercado gerada pela pandemia”. O PDV é destinado aos empregados da área de produção e as inscrições terão início na próxima quinta-feira (1).
De acordo com Bomfim, a Ford iniciou 2020 com previsão de produzir 215 mil unidades do EcoSport e do Ka, no entanto a projeção caiu para 136 mil unidades “ou menos”. Para o líder do sindicato, a proposta do PDV da companhia — que tem acordo de não fazer demissões em massa até 2023 — “é a maior do Brasil”.
A Ford não é a única a procurar reduzir a ociosidade
Cerca de duas atrás, colaboradores da Volkswagen aprovaram programa para as quatro fábricas do grupo, que empregam ao todo cerca de 15 mil pessoas, de abertura de PDV que oferece até 35 salários extras para quem é funcionário há mais de 30 anos, valor que também segue uma tabela de acordo com o tempo de serviço.
A companhia iniciou negociações dizendo ter 35% de mão de obra excedente, ou aproximadamente de 5 mil funcionários. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, mesmo que não atinja a meta a empresa não fará reduções, mas pode estabelecer outras medidas de flexibilidade, como lay-off.
O PDV da General Motors teve adesão de 294 trabalhadores em São Caetano do Sul e de 235 em São José dos Campos (SP). A Renault, com fábrica no Paraná, tem PDV para cortar 747 vagas, número igual ao de demissões feitas em julho e que revogou após greve de funcionários. A Ford, por sua vez, não indicou uma meta a ser atingida.
Com informações do Estadão Conteúdo.