O fluxo de valores externos na bolsa de valores está para fechar 2018 negativamente pela primeira vez em sete anos. Caso mantenham a atuação na ponta vendedora nos últimos dias de dezembro, os estrangeiros levarão à marca de segundo pior desempenho anual na série histórica que começa em 1996.
Os dados sobre o fluxo estrangeiro foram divulgados pela B3. Neste ano, até o pregão de 21 de dezembro, os estrangeiros já sacaram R$ 11,07 bilhões da bolsa. No acumulado do mês até aquela data, os saques foram de R$ 1,56 bilhão – fruto de R$ 107,8 bilhões em compras de ações e de R$ 111,3 bilhões em vendas. Estrangeiros tiraram R$ 161,1 milhões da B3 só no dia 21.
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A saída de R$ 11,07 bilhões no ano, até agora, é a primeira desde 2011, quando estrangeiros tiraram R$ 1,35 bilhão da bolsa. Desde 1996, é a segunda pior marca. Só perde para 2008, quando R$ 24,6 bilhões foram sacados por eles. Naquele ano, o mundo vivia uma grande crise financeira.
Cenário internacional
Especialistas explicam que o movimento se deve à piora do cenário internacional nos últimos meses do ano. Há dúvidas sobre o crescimento das economias desenvolvidas. Também influenciam a alta de juros nos Estados Unidos e tensões envolvendo a guerra comercial entre americanos e chineses. Nos últimos dias, o cenário externo contou ainda com atritos do presidente Donald Trump em seu país.
Enquanto negocia os termos de um acordo com a China para encerrar uma disputa comercial, Trump chegou a discutir com o presidente do banco central americano, o Fed (Federal Reserve), Jerome Powell. Voltou a atacá-lo, inclusive, na véspera do Natal. O presidente disse que o banco central era o “único problema” da economia americana.
O republicano também insistiu que o Orçamento aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos incluísse a verba para a construção de um muro na fronteira com o México. O impasse na aprovação da verba extra levou a um shutdown, a paralisação das atividades do governo.