Em 2020, o Brasil viu US$ 27,92 bilhões saírem do país, no segundo pior ano da sua história. Os dados foram divulgados hoje pelo Banco Central, que tornou público o fluxo cambial do mês de dezembro, consolidando os dados do ano passado.
Apesar da saída de dólares, o resultado foi melhor do que em 2019, quando o país viu US$ 44,76 bilhões saírem de circulação em sua economia, no pior desempenho de todos os tempos. Em 2018, o Brasil perdeu US$ 995 milhões. Em 2017, no seu último resultado positivo, o fluxo cambial foi de US$ 625 milhões.
Déficit no Fluxo Cambial é causado por operações financeiras
No ano, a conta comercial contou com superávit de US$ 23,25 bilhões. O prejuízo no fluxo cambial ficou sobre responsabilidade das operações financeiras, que totalizaram em uma saída de US$ 51,173 bilhões.
Após um resultado positivo em novembro, quando US$ 438 milhões entraram, o fluxo cambial voltou a ser negativo em dezembro, com a saída de US$ 8,35 bilhões. Apenas na última semana do ano, US$ 861 milhões deixaram o Brasil.
O dólar sai quando investidores retiram dinheiro do país para pagar pela compra de produtos brasileiros, para aplicar em outros países ou quando empresas nacionais adquirem a moeda para saldarem suas dívidas no estrangeiro.
Apesar da saída menor de 2020 na comparação com o fluxo cambial de 2019, o dólar teve forte valorização ante o Real, com uma alta de 22,7% frente à moeda brasileira. A divisa brasileira teve, então, um dos piores resultados do mundo no ano.
No último mês de 2020, o dólar registrou baixas e ficou cotado por volta dos R$ 5,10, em uma queda na comparação com novembro, quando chegou a tocar R$ 5,76.
O fluxo cambial negativo em dezembro, mesmo em meio a um maior apetite dos investidores mundiais por risco, pode ser explicado, em parte, por operações financeiras, que somaram US$ 4,422 bilhões. Apesar do saldo positivo no ano, as operações comerciais registraram um déficit de US$ 3,932 bilhões no último mês de 2020.
O maior fluxo cambial negativo nas operações financeiras aconteceu em meio a uma queda do valor da moeda americana frente ao real e é explicado, em parte, por empresas aproveitamento o momento: com o dólar mais fraco, companhias que possuem dívidas na moeda acabam por aproveitar o intervalo para adquirir a divisa e saldar seus débitos.