A agência de classificação de risco de crédito Fitch Ratings rebaixou na noite desta segunda (28) a nota de crédito da Vale (VALE3) de BBB+ para BBB-.
Em nota, a Fitch afirma que o rebaixamento reflete a expectativa da agência de que a empresa vá sofrer pesados custos de reparação após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), na última sexta (25). Além disso, a Fitch leva em consideração que a Vale já precisar reduzir sua produção no curto e médio prazos, fora as possíveis despesas para garantir o reparo e segurança em outras barragens.
Mesmo com o rebaixamento, a Vale continua dentro da categoria BBB da Fitch, que significa “crédito de boa qualidade”. Essa categoria indica que expectativas de risco padrão são atualmente baixas. A capacidade de pagamento em compromissos financeiros é considerada adequada, mas adversidades nos negócios da empresa ou condições econômicas podem vir a prejudicar essa capacidade.
Saiba mais: Vale perde R$ 71 bi em valor de mercado, o maior tombo da Bolsa
No sábado (26), a agência de risco Standard & Poor’s já havia colocado o rating da Vale sob observação negativa.
No fechamento do pregão da B3 nesta segunda, a Vale perdeu mais de R$ 70 bilhões em valor de mercado. Trata-se do maior tombo num único dia na Bolsa brasileira.
A queda é resultado da reação imediata de investidores. Eles entendem que a tragédia em Brumadinho vai gerar um impacto financeiro considerável na companhia. Afinal, a empresa já teve R$ 11 bilhões bloqueados pela Justiça. O valor corresponde a 45% do caixa da empresa em setembro de 2018, segundo o dado mais recente divulgado.
Além do valor bloqueado, a Vale foi multada em R$ 250 milhões pelo Ibama e em R$ 99,139 milhões pelo governo de Minas Gerais. E há ainda a suspensão do pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio. Em 2018, acionistas receberam R$ 77 bilhões, o que atraiu outros investidores.
A tragédia de Brumadinho
A barragem 1 de rejeitos da mina de Córrego do Feijão estourou na última sexta-feira (25), em Brumadinho (MG). A mina, localizada na área metropolitana de Belo Horizonte, é de propriedade da Vale.
Segundo o Corpo de Bombeiros, ao menos 60 pessoas morreram e 292 estão desaparecidas. Por outro lado, foram resgatadas 192 pessoas. No total, estão trabalhando no local 226 bombeiros em buscas noturnas.
O acidente gerou uma avalanche de lama, que liberou em torno de 13 milhões de metros cúbicos (m³) de rejeitos. A lama destruiu parte do centro administrativo da empresa em Brumadinho, e arrastou casas e até uma ponte.
A barragem rompida faz parte do complexo de Paraopeba. A mina é responsável por 7,3 milhões de toneladas de minério de ferro do terceiro trimestre de 2018. O volume corresponde a 6,2% da produção total de minério de ferro da Vale.
Esse é o segundo desastre com barragem em que a Vale se envolve em três anos. Em 2015 ocorreu a tragédia de Mariana, com o rompimento da barragem da Samarco. Naquele desastre morreram 19 pessoas e a lama destruiu centenas de casas e construções.
A Samarco é controlada pela Vale e pela mineradora anglo-australiana BHP Billiton, cada uma com 50% das ações. As duas empresas se tornaram alvo de ações na Justiça por conta do desastre. As pessoas afetadas ainda esperam por reparação.