Fitch enxerga benefícios no Brasil a médio prazo e oportunidade de consolidação no varejo

A agência americana de avaliação de risco Fitch Ratings avaliou que as economias latino-americanas ainda deverão passar por uma desaceleração do crescimento em 2024. A região ainda afetada pela demanda mais enxuta e altas taxas de juros pode ter vantagens competitivas geograficamente, mas o investimento no Brasil a curto prazo permanece sendo de alto risco.

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Abaladas desde a pandemia por alto endividamento e riscos de refinanciamento, o crédito pressionado destas companhias vêm resultando em uma performance fraca pelas brasileiras.

Segundo a diretora-gerente de títulos soberanos da Fitch Ratings, Shelly Shetty, o desempenho da América Latina está sendo afetado pela desaceleração que já era revista em suas maiores economias. “Estou falando do México e do Brasil”, explicita Shetty.

A Fitch estima que a ao todo poderá ser observada uma desaceleração do crescimento econômico da América Latina neste ano, para 1,5%, em comparação com a expansão de 2,3% em 2023, conforme reportou a Agência Reuters nesta terça-feira (23).

Alguns dos principais fatores que afetam este número são:

  • Desaceleração econômica na China e nos Estados Unidos;
  • Cenário financeiro global apertado;
  • Impacto climático do El Niño.

Contudo, Shetty ressalta que o cenário geopolítico brasileiro, afastado dos grandes conflitos globais que estão acontecendo em outros países, é um grande ponto de otimismo. Apesar disso, o aumento do intervencionismo estatal e a ausência de reformas são pontos relevantes para a diretora que estão em falta em muitos países da região. Entre eles, o Brasil para Shetty é uma exceção.

Em julho de 2023, a agência de avaliação de risco havia elevado a recomendação da dívida brasileira para o nível BB (de BB-), sobre quando a elevou de “BB-” para “BB”, e depois a manteve após a aprovação da reforma tributária no final do ano passado.

Consolidação do Varejo na visão da Fitch

Em publicação nesta terça-feira (23), a Fitch Ratings ainda defendeu que o processo de consolidação do varejo brasileiro está crescendo nestes últimos quatro anos, o que deve se manter a curto e médio prazos.

Para a agência, partindo do princípio que as varejistas brasileiras adotem disciplina de capital, conseguirão fortalecer suas bases de negócios. Isso provavelmente vai elevar riscos para empresas de pequeno e médio portes, visto que elas estão mais diretamente afetadas à consolidação do mercado, enquanto as concorrentes conseguem fazer uma competição mais acirrada.

Além disso, o aumento na competitividade com marcas globais deve impulsionar as brasileiras a buscarem maiores ganhos de escala. Amazon (AMZO34), Shopee, Shein e Mercado Livre (MELI34) são nomes que conquistaram mais participação no mercado brasileiro em vista da fragilidade do setor nos últimos anos.

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A agência destaca que empresas do varejo tradicional que buscaram agilizar seu crescimento tenderam a migrar para o autosserviço, citando exemplos: “É o caso do Carrefour (CRFB3), que adquiriu as operações do Grupo Big e algumas lojas do Makro; do Assaí (ASAI3), que comprou do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) as lojas do hipermercado Extra; do Irmãos Muffato, que adquiriu parte das lojas do Makro. do Cencosud Brasil, que adquiriu o Giga Atacadista; e do Mart Minas, que adquiriu a rede carioca Dom Atacadista.

Para 2024, a Fitch acredita que essas empresas vão continuar priorizando a integração destes negócios antes de buscarem novas oportunidades, especialmente Carrefour e Assaí, que estão com alavancagens financeiras elevadas.

“Outros movimentos relevantes no setor incluem as aquisições de Netshoes e KaBuM! pelo Magazine Luiza (MGLU3); da Reserva pela Arezzo (ARZZ3); da Avon pela Natura (NTCO3), da empresa de logística CNT pelo Grupo Casas Bahia (BHIA3) e, mais recentemente, da Poupafarma pela Farmácia e Drogaria Nissei S.A. (Nissei)”, destaca a agência Fitch Ratings.

Com informações de Reuters e publicações da Fitch.

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Camila Paim

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