Fitch: bancos latino-americanos devem continuar pressionados em 2021
Analistas da Fitch Ratings divulgaram nesta quarta-feira (9) suas perspectivas para os bancos da América Latina em 2021 e apontaram que os impactos econômicos do novo coronavírus (Covid-19) devem continuar a pesar sobre o desempenho financeiro dessas instituições.
Em seu relatório “Perspectivas para 2021: Bancos da América Latina” a Fitch destaca que, atualmente, 76% dos Ratings de Default Emissor de Longo Prazo (IDRs) dos bancos latino-americanos têm perspectivas negativas ou estão em observação, enquanto nenhum tem perspectivas de Rating positivas.
“A perspectiva do setor para 2021 para os bancos latino-americanos está piorando, já que a Fitch Ratings espera que o ambiente operacional geral na maioria dos países da região piore em 2021 em relação a 2020″, aponta o relatório.
Além disso, a agência de classificação de risco considera que as medidas de tolerância regulatória amortecem os impactos da pandemia nos ambientes organizacionais, no entanto, grande parte dessas medidas expira entre dezembro de 2020 e junho de 2021.
“Isto irá sustentar uma deterioração na qualidade e rentabilidade dos ativos, em particular, uma vez que a capacidade de reembolso do mutuário será enfraquecida por altas taxas de desemprego sustentadas, aumento de falências e a eliminação progressiva de vários programas de apoio do governo”.
Os analistas ainda projetam que as falências no Brasil devem se concentrar em pequenas e médias empresas, ao passo que a produção econômica do México pode permanecer abaixo dos níveis pré-crise até 2023, “sustentando as pressões sobre o desempenho dos bancos comerciais”.
A agência consideram que uma nova e longa onda de coronavírus pode prejudicar a recuperação latino-americana, bem como poderia enfraquecer as métricas financeiras dos bancos em relação às tendências históricas e benchmarks de rating.
“A política monetária acomodatícia sustentada, embora apoie a recuperação econômica, pressionará ainda mais o desempenho dos bancos”, destacam
América Latina terá “desafios particulares” na consolidação fiscal, diz Fitch
Em meados de setembro, a Fitch divulgou que os países da América Latina devem encarar “desafios particulares” para conseguirem reduzir seus déficits fiscais e suas dívidas no médio prazo devido a capacidade “limitada” para elevar impostos e à rigidez nos gastos nestes países.
De acordo com o relatório realizado pela Fitch, a recuperação econômica na América Latina deve ser acompanhada de preços relativamente mais elevados das commodities, ao passo que a redução dos pacotes de apoio fiscal devem influenciar na diminuição dos déficits em 2021, “entretanto um ajuste fiscal estrutural que iria apoiar a redução da dívida poderia ser desigual pela região”.
A Fitch ainda indicou que apesar da tentativa de alguns países de reduzirem seus gastos, as pressões sociais e políticas podem ser consideradas como possíveis ameaças. Citando o Brasil como exemplo.
O quadro geral “ajuda a explicar”, segundo a Fitch, o “ponto de partida inicial fiscal fraco dos soberanos latino-americanos no início do choque do novo coronavírus”.