FinCEN files: documentos que revelam lavagem de dinheiro são divulgados

Os documentos vazados, chamados de FinCEN files (Arquivos FinCEN, em português), incluem mais de 2.100 relatórios de pagamentos processados ​​por grandes bancos, incluindo HSBC, Deutsche Bank, JPMorgan Chase e Barclays. Os dados vazaram para o site do Buzzfeed e foram compartilhados com o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), que divulgaram as informações neste domingo (20).

Os FinCEN files revelam como ocorreu a lavagem de dinheiro por meio de alguns dos maiores bancos do mundo e como os criminosos usaram empresas britânicas anônimas para esconder seu dinheiro.

Esses documentos vazados foram submetidos à Rede de Investigação de Crimes Financeiros dos EUA, ou FinCEN, entre 2000 e 2017 e cobrem transações no valor de cerca de US $ 2 trilhões.

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Fergus Shiel, do consórcio, disse que os arquivos são uma “visão sobre o que os bancos sabem sobre os vastos fluxos de dinheiro sujo em todo o mundo … [O] sistema que deveria regular os fluxos de dinheiro contaminado está quebrado”.

O FinCEN declarou que o vazamento pode afetar a segurança nacional dos EUA, arriscar as investigações e ainda ameaçar a segurança daqueles que fazem os relatórios.

Na última semana, a rede de investigação anunciou propostas para revisar seus programas de combate à lavagem de dinheiro, ao passo que o Reino Unido também se manifestou, divulgando projetos para reformar seu registro de informações de empresas com a finalidade de reprimir fraudes ou qualquer ilegalidade.

De acordo com o BuzzFeed News, alguns registros dos FinCEN files foram coletados como parte das investigações do comitê do congresso dos EUA sobre a interferência russa nas eleições presidenciais dos EUA de 2016, enquanto outros foram reunidos após solicitações de agências de aplicação da lei.

Atuação do HSBC:

O Banco HSBC permitiu que os fraudadores transferissem $ 80 milhões (aproximadamente R$ 430 milhões) milhões de dólares pelo mundo, mesmo após ter conhecimento dos golpes, informam os arquivos secretos vazados.

O maior banco do Reino Unido transferiu o dinheiro por meio de seus negócios nos EUA para contas do HSBC em Hong Kong durante 2013 e 2014.  Entretanto o HSBC afirma que sempre cumpriu suas obrigações legais ao relatar tal atividade.

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O esquema Ponzi começou logo após o banco ser multado em US $ 1,9 bilhão nos EUA por lavagem de dinheiro, informou o relatório.

O chamado esquema Ponzi

Um esquema Ponzi, batizado em homenagem ao vigarista Charles Ponzi do início do século 20, não gera lucros com o dinheiro que levanta. Em vez disso, o retorno do dinheiro vem de outros novos investidores.

São necessários cada vez mais investidores para cobrir esses pagamentos. Enquanto isso, os proprietários do esquema movem dinheiro para suas próprias contas.

Um esquema Ponzi entrará em colapso caso não encontre um número suficiente de novos investidores.

Outros dados vazados:

Os arquivos também mostram como o banco JP Morgan pode ter ajudado Semion Mogilevich, conhecido como o chefe dos patrões da máfia russa e acusado de crimes, incluindo tráfico de armas, tráfico de drogas e assassinato, a movimentar mais de US $ 1 bilhão através do sistema financeiro.

Mogilevich não deveria ter permissão para usar o sistema financeiro, porém o JP Morgan está sendo investigado por  ter movimentado parte do dinheiro.

O relatório informa como o banco forneceu serviços bancários a uma empresa offshore secreta chamada ABSI Enterprises entre 2002 e 2013, embora a propriedade da empresa não estivesse clara nos registros do banco.

Em um período de cinco anos, o JP Morgan enviou e recebeu transferências eletrônicas totalizando US $ 1,02 bilhão, informou o banco.

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O documento observou que a matriz da ABSI “pode ​​estar associada a Mogilevich, um indivíduo que estava na lista dos dez mais procurados do FBI”.

“Seguimos todas as leis e regulamentações em apoio ao trabalho do governo para combater crimes financeiros. Dedicamos milhares de pessoas e centenas de milhões de dólares a esse importante trabalho.”, declarou o JP Morgan em comunicado se referindo aos FinCEN files.

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Rafaela La Regina

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