A redução dos juros do crédito imobiliário – que voltaram ao patamar de dois dígitos, esfriando as vendas de imóveis nos últimos trimestres – é um tema que só deve entrar na agenda a partir do próximo ano, segundo os próprios bancos. O início do ciclo de corte da Selic é um dos fatores necessários para começar a se pensar no tema, mas não o único.
Esse movimento também está condicionado à continuidade da recuperação da economia brasileira e da melhora da renda e do emprego, capazes de recuperar os depósitos nas cadernetas de poupança, ainda a principal fonte de recursos baratos para os bancos concederem os empréstimos.
“A redução de taxa não está no cenário por enquanto”, disse a vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Inês Magalhães, durante o Abecip Summit, evento promovido pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) que reuniu os representantes dos bancos.
Pelas regras do Banco Central, 65% dos recursos da caderneta vão para os financiamentos imobiliários, enquanto 20% são guardados como colchão de liquidez na forma de depósitos compulsórios, e os 15% restantes são de uso livre pelas instituições. O problema é que a caderneta perdeu R$ 173 bilhões desde o início do ano passado – fruto de um volume maior de saques do que depósitos em meio aos solavancos da economia brasileira.
Os bancos passaram a buscar dinheiro em outras fontes para não deixar de conceder financiamentos para a compra e a construção de moradias. Aí entraram a letra de crédito imobiliário (LCI), a letra imobiliária garantida (LIG) e os certificados de recebíveis (CRI). No entanto, o custo de captação desses instrumentos é atrelado ao CDI (cerca de 13%), enquanto a poupança atualmente fica em 6,17% mais Taxa Referencial (TR).
A participação da poupança no funding total do setor caiu entre 2021 e 2023, de 46% para 36%. Por outro lado, essas fontes alternativas pularam de 24% para 38%, conforme levantamento da Abecip.
“Com as informações que temos hoje, eu não vejo espaço para uma redução dos juros no (crédito) imobiliário neste ano”, afirmou o diretor de negócios imobiliários do Santander, Sandro Gamba. No Bradesco, a visão é semelhante. “Não trabalhamos com reduções de juros neste semestre”, disse o diretor de crédito imobiliário, Romero Albuquerque.
O diretor de produtos de crédito imobiliário do Itaú Unibanco, Rodrigo Penteado, afirmou que a composição do mix de captação será determinante para apontar a velocidade da queda das taxas. Hoje, o peso é muito maior de captações com custo atrelado ao CDI.
No Banco do Brasil, não há previsão para cortes tão cedo, disse o gerente executivo, Luiz Alberto Valadão.
SNLG11 compra imóveis em RJ e MG por R$ 105 milhões
O Suno Log, ou SNLG11, assinou um novo contrato de compra e venda, de aquisição de imóveis que ficam no Rio de Janeiro (RJ) e em Santa Luzia (MG).
Conforme o fato relevante do SNLG11, foram pagos R$ 105 milhões pelos imóveis, sendo R$ 58 milhões para o imóvel localizado em Minas e R$ 36 milhões para o imóvel na capital fluminense. Eles possuem 16.120 m² e 17.24 m², respectivamente.
“O primeiro imóvel constitui um cento de distribuição na Pavuna, alocado para o Supermercado Padrão do Fonseca, conhecido no RJ”, explica Jacinto Santos, da Suno Asset.
O especialista destaca que o outro ativo fica na região metropolitana de Belo Horizonte, sendo locado para a Ambev (ABEV3).
“É um ativo estratégico para o locatário, localizado no bairro córrego frio, com mais de 16 mil metros quadrados de área bruta locável, sendo um centro de distribuição de bebidas”, explica.
Veja projeções do Boletim Focus após corte dos juros
Veja, em detalhes, as projeções mais importantes para 2023 e 2024:
2023
- IPCA: a projeção se manteve em 4,84%
- PIB: a projeção subiu para 2,26%
- Dólar: a previsão do câmbio caiu para R$ 4,90
- Taxa Selic: a previsão caiu para 11,75%
- Balança Comercial: a expectativa para o superávit aumentou para US$ 67 bilhões
- Investimento Estrangeiro Direto: a previsão se manteve em US$ 80 bilhões
- Dívida do Setor Público: a previsão aumentou para 60,60% do PIB
2024
- IPCA: a projeção caiu para 3,88%
- PIB: a projeção se manteve em 1,30%
- Dólar: a previsão do câmbio se manteve em R$ 5,00
- Taxa Selic: a previsão caiu para 9,00%
- Balança Comercial: a expectativa para o superávit se manteve em US$ 60 bilhões
- Investimento Estrangeiro Direto: a previsão segue em US$ 80 bilhões
- Dívida do Setor Público: a previsão aumentou para 64,00% do PIB
O Boletim Focus é elaborado semanalmente pelo Banco Central. São utilizadas as projeções dos especialistas das 100 principais instituições ligadas ao mercado financeiro do Brasil para juros, IPCA, câmbio, Selic e outros indicadores.
Com Estadão Conteúdo