A disparada do Índice Geral de Preços -Mercado (IGP-M), que subiu 23% em 2020, fomentou uma nova rodada de negociações entre shoppings e lojistas -já abalados pela crise do coronavírus (covid-19). A busca por um entendimento, porém, não devem afetar os Fundos Imobiliários (FIIs) que investem nesse setor.
De acordo com especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, os FIIs de shoppings devem passar tranquilamente pela onda de renegociações já que, mesmo que ocorra uma troca no índice que regula o reajuste ou um desconto, as condições ainda são favoráveis a esses fundos.
Segundo os entrevistados, haverá um aumento no valor dos aluguéis, mas não chegará aos 23% do IGP-M.
“O IGP-M favoreceu muitos fundos, já que o valor do aluguel aumentou. Mas, por mais que essas negociações existam, não vão impactar negativamente os fundos. Eles vão conseguir uma renegociação mais baixa, mas sempre positiva aos FIIs”, disse Ricardo Vasconcellos, head de mercado de capitais da Easynvest.
Nesta semana, o jornal “O Estado de S. Paulo” reportou que lojistas voltaram a renegociar a revisão de contratos de aluguel e, inclusive, levaram a discussão à Justiça.
Segundo o jornal, a judicialização da negociação ocorreu pois as lojas consideram que não terão como arcar com os reajustes em um momento em que as vendas ainda não retornaram a um patamar anterior à pandemia.
Para Jacinto Santos, analista de fundos imobiliários do Funds Explorer, a reinvindicação dos lojistas é justa perante os administradores e o mercado já precificou uma possível renegociação.
“É uma discussão bem sabida pelo mercado em relação a troca do indexador, já que o IGP-M está muito alto e é pouco aderente a realidade. Não só por causa da alta, mas porque ele é bem fora da realidade dos lojistas”, disse.
“Eu concordo com os lojistas e a troca de indexador deve ser pleiteado. Mas, antes de ir à Justiça, os lojistas precisam procurar os shoppings, que também auxiliaram os lojistas em meio a pandemia”, completou.
FIIs podem sofrer no curto prazo, mas perspectiva é boa
Além da renegociação dos aluguéis, a escalada dos novos casos do coronavírus (covid-19) podem afetar o funcionamento de alguns shoppings e até provocar novos fechamentos, o que pode afetar a receita dos FIIs.
“Estamos mais atentos à escalada de casos de covid no Brasil, surgimento de novas variantes de vírus e possibilidade de endurecimento das medidas restritivas nas mais diversas cidades do país, o que acabará por impactar o varejo, reduzindo a circulação nos shoppings, faturamento das lojas e aumento da inadimplência”, disse Nicholas Kawasaki, especialista em investimento de Fundos Imobiliários da Nova Futura.
Para Ricardo Vasconcellos, head de mercado de capitais da Easynvest, os novos desafios enfrentados pelo setor podem afetar os ativos no curto prazo, mas o cenário para o longo prazo continua a ser positivo.
“Acho que no curto prazo haverá um aumento da vacância, impactando alguns fundos. Mas, de maneira geral, com a volta e a economia aquecida, no meu entender, essa vacância não irá perdurar no médio e longo prazo”, disse.
De acordo com o analista, o ano poderá ser positivo para o segmento de FIIs de shoppings. “Essa vacância vai ser absorvida, e com a economia voltando ao normal, os shoppings voltarão a receber gente. Ao meu ver, 2021 tende a ser muito positivo para o cenário dos shoppings centers”, concluiu.