Diante do otimismo com a economia e a expectativa para queda na taxa de juros, os chamados fundos imobiliários (FIIs) ‘de papel’ passaram a experimentar maiores oscilações e perderem um pouco da atratividade conquistada nos últimos anos. Mas especialistas consultados pelo Suno Notícias apontam que este é só um momento do mercado. O futuro é promissor.
No início deste ano, o mercado ficou mais avesso ao crédito diante das dúvidas com o novo governo, houve o evento Americanas que aumentou a preocupação e isso também teve efeito no mercado de FIIs de papel.
Os analistas ouvidos pelo Suno Notícias consideram, no entanto, esta oscilação e o movimento atual como uma situação normal de mercado, lembrando que esses fundos são ativos de renda variável e flutuam de acordo com o momento.
“A maioria dos fundos de recebíveis imobiliários são indexados à inflação e, desde 2020, esses fundos tiveram forte valorização e rendimentos altíssimos com a aceleração da inflação. Agora estamos vendo uma redução do patamar de dividendos, após medidas contracionistas do Banco Central”, afirmou Luiz Amaral, sócio da TRX Investimentos.
O analista de Research da Órama, Mário Campos, aponta que, com o cenário de juros altos, algumas empresas tiveram maior dificuldade de se financiar, honrar suas dívidas e isso chegou em alguns fundos de papel, principalmente nos de maior risco, com alguns passando por inadimplência e negociando ceder carência aos devedores.
“No momento, estamos observando esse movimento e temos preferência por tomar menos risco, evitando o segmento high yield. Mas, para o futuro, observamos uma desaceleração da inflação no segundo semestre e queda suave da Selic, por conta disso, acreditamos que fundos atrelados ao CDI continuarão tendo um bom desempenho e os indexados à Inflação podem ter dividendos menores do que os distribuídos nos últimos anos”, concluiu Campos.
Amaral aponta que se por um lado a distribuição de dividendos está diminuindo, por outro, a cota patrimonial dos FIIs está se valorizando. Desta forma, os gestores podem incrementar a distribuição com ganho de capital quando tiverem.
“Caso a inflação se mantenha baixa, os fundos seguirão pagando dividendos menores, no entanto, com cortes na Selic, os fundos podem passar a ter ganho de capital em suas carteiras, o que pode ser uma alternativa para as gestoras gerarem um incremento do resultado mensal”, completou Amaral.
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Segurança
Para contextualizar, FIIs de papel são investimentos em recebíveis, onde o gestor aplica o patrimônio dos cotistas em instrumentos financeiros do setor imobiliário, tais como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras Hipotecárias (LH).
Essa classe também distribui ao menos 95% do lucro líquido aos cotistas em forma de dividendos mensais, e são isentos de Imposto de Renda. Outra vantagem é a boa liquidez, alta diversificação, não estarem expostos à taxa de vacância dos FIIs de tijolo e – se escolhidos corretamente – funcionam como proteção do patrimônio.
“Além da proteção contra inflação, um único fundo pode servir como ferramenta de diversificação, pois conta com dezenas de ativos dentro dele, além disso, a gestão ativa ajuda a preservar o patrimônio do cotista, seja na reciclagem do portfólio ou na originação de novos investimentos, fazendo o retorno das carteiras servir como proteção”, afirmou o sócio da TRX Investimentos.
Os analistas concordam que os FIIs de papel sejam uma ótima ferramenta para compor uma carteira de investimentos, com acesso a diversos CRIs, contando com uma gestão qualificada para formular esse portfólio, acompanhando e fazendo diligência de cada ativo.
Como esses ativos possuem indexação a juros e inflação, é uma forma de se proteger diretamente desses indicadores, que são números que orientam o mercado como um todo.
Dada a liquidez em Bolsa, o investidor também pode se movimentar para fazer diferentes estratégias e aproveitar um aumento na taxa de juros ou um período de inflação mais alta, por exemplo.
Como escolher um FII?
Para Campos, da Órama, o investidor deve primeiro observar a taxa de risco x retorno. Depois verificar o perfil da gestora, quais ativos que compõem a carteira, qual o tipo e o nível de garantia que a gestora tem preferência e principalmente observar se o resultado que o fundo distribui ao cotista é condizente com o risco da carteira.
“Outro ponto importante é o preço de mercado(P) em relação ao valor patrimonial (VP) do fundo. Como os CRIs são ativos marcados a mercado recorrentemente, os fundos de papel não deveriam, em teoria, negociar distante do seu VP. Quando isso ocorre, devemos bastante atenção, o fundo pode estar mal precificado e ser uma oportunidade, assim como pode representar um problema em relação a sua carteira. O ideal é sempre um preço alinhado com o VP”, alertou o analista.
Mês temático do Grupo Suno
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O Grupo Suno dedicará o mês de julho para comemorar os 30 anos dos FIIs, com patrocínio de patrocinados por Iridium, Fator, TG Core, REC, Guardian e XP Asset. Por meio de vários canais (redes sociais, notícias, vídeos, lives e conteúdos por e-mail), vamos levar informações sobre tudo que precisa saber sobre essa classe de investimento.