Fundos imobiliários: grande atrativo é o dividendo mensal, afirma Tiago Reis durante o FII Experience

Em painel do FII Experience 2023, maior evento de fundos imobiliários (FIIs), que acontece nesta quinta-feira (21) na sede da B3, em São Paulo, Tiago Reis, fundador da Suno Research e Sócio do Status Invest, destacou que o grande atrativo que levou a maioria das pessoas a investir em fundos imobiliários foi o dividendo mensal.

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“A renda mensal é algo que sempre atraiu os investidores e eu acho que tem uma razão. As pessoas têm gastos mensais, e os dividendos casam com as necessidades delas. Vale destacar que o mensal não precisa ser originado somente de fundos imobiliários”, explicou Reis.

Segundo ele, existem outras classes que estão ganhando notoriedade e que trazem os mesmos benefícios que atraíram as pessoas para os fundos imobiliários – Fiagro e o FI-Infra, por exemplo.

FII-Infra deve ganhar mais popularidade

No caso do agronegócio, Reis pontuou que, apesar de ser competitivo, ainda há muitas oportunidades de investimento para o setor em projetos de longo prazo e que aumentam a produtividade da terra. “Não olhem somente o yield”, aconselhou.

Em relação aos FI-Infra, o fundador da Suno Research avaliou que o fundo ainda não ganhou a popularidade que deveria, reforçando que o Brasil possui uma necessidade de investimento em quase todas as frentes de infraestrutura. “Um governo precisa incentivar aquilo que é estratégico e que tem necessidade. E, com certeza, infraestrutura no Brasil tem essas características”.

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Concorrentes ou complementares?

Na visão de Tiago Reis, tanto o Fiagro quanto o FI-Infra são complementares aos fundos imobiliários pois trazem perfis de risco diferentes. Segundo ele, quando há algum evento de crise – caso da pandemia – cada um impacta de forma diferente diversos setores.

“O imobiliário é muito ligado à economia interna, assim como a infraestrutura, embora ligada a serviços em geral muito essenciais e que raramente as pessoas cortam numa crise, como saneamento, telefonia. E o agronegócio tem uma característica de exportação, é o que mais cresce e onde estão os maiores receitas”, salientou.

Ainda de acordo com Reis, a diversificação setorial é boa para o cotista e também para os gestores. “Esses altos e baixos reduzem a pressão do investidor sobre o gestor e também ajuda o investidor a passar por essas fases que quase todo segmento vai ter mais desafiador de maneira mais tranquila”, finalizou.

Fundos imobiliários foram providenciais para impulsionar setor, diz analista na FII Experience

O desenvolvimento da indústria de fundos imobiliários foi oportuno para o crescimento do setor no Brasil, avalia Pedro Ernesto Bragança, diretor de gestão de fundos da TG Core Asset, durante o FII Experience 2023.

“Os fundos imobiliários cresceram bastante nos últimos seis anos e eles foram providenciais para ajudar o desenvolvimento [do setor] imobiliário, tanto dos empreendedores quanto dos adquirentes de imóveis”, disse Bragança. Para ele, no caso da oferta, são três os pilares que contribuem tanto para a pessoa física adquirir o imóvel quanto para a jurídica ter financiamento para desenvolver os seus projetos.

O primeiro deles é o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), seguido pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Juntos, eles representam 70% do crédito imobiliário no país. “Em terceiro lugar, estão as operações estruturadas, como os FIIs, CRIs e LCI, tendo a B3 como uma grande fomentadora da oferta do desenvolvimento imobiliário”, reforçou Bragança.

listagem de fundos imobiliários na bolsa brasileira ocorre há cerca de 30 anos, e tem evoluído nos últimos anos, como lembrou Thalita Forne, gerente de produtos listados da bolsa brasileira.

“Quando a gente olha um pouco mais de seis anos atrás, nós tínhamos em torno de 150 fundos imobiliários disponíveis para negociação. Hoje, esse número está próximo de 500”, explicou a gerente, com uma participação importante do investidor pessoa física neste produto. “Tanto olhando para negociação quanto para posição em custódia, hoje o investidor pessoa física representa em torno de 70%”.

Ao todo, destacou Thalita Forne, entre os anos de 2017 e 2018, havia aproximadamente 140 mil investidores com posições, número que hoje supera os 2,3 milhões. Esse aumento, segundo ela, é explicado por algumas iniciativas feitas pela bolsa brasileira.

“A B3 investe muito em iniciativa para desenvolver a liquidez dos nossos mercados – entre elas, está o programa de formador de mercado, que tem um papel essencial para desenvolver a liquidez em diversos setores”, pontuou.

Mesmo em um ano considerado desafiador para o mercado de renda variável, o patrimônio líquido total dos fundos imobiliários já supera a marca de R$ 200 bilhões, com o volume médio negociado em patamares muito próximos dos picos de 2021 e 2022. Além disso, em 2023, a média diária negociada no mercado secundário continua elevada, superando os R$ 240 milhões.

“Isso indica que a gente, tendo uma retomada para renda variável, muito provavelmente voltará a ver novas listagens, novos investidores querendo utilizar o mercado de capitais como fonte de recursos, porque o mercado secundário continua sendo uma alternativa para o investidor final ter acesso”, ressaltou Thalita.

A gerente de produtos listados na B3 salientou, também, que, para um mercado ser saudável, é importante que haja todos os tipos de investidores negociando, como pessoa física, institucional e não residente, por exemplo, o que nos fundos imobiliários é possível visualizar de forma bastante clara.

Entretanto, no caso dos investidores estrangeiros, ainda não é possível ver uma participação significativa deste público carregando posições em fundos imobiliários. “Eles têm mais uma estratégia de prover liquidez em tela, e eventualmente operar sem esse carrego de opções. É um público que a gente ainda quer aumentar a participação, que tem espaço para que eles se desenvolvam ainda mais”, acrescentou.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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