Integrante de um dos pilares da economia brasileira, os Fiagros simbolizam uma solução para o setor do agronegócio, e não uma competição com os bancos, por exemplo, avalia Felipe Greco, gestor do fundo KNCA na Kinea, durante o FII Experience 2023, maior evento de fundos imobiliários (FIIs), que acontece nesta quinta-feira (21) na sede da B3, em São Paulo.
“Para nós, olhando como setor, o grande acerto dos legisladores foi construir a regulamentação dos Fiagros a partir da regulamentação dos fundos imobiliários. Eu acho que os Fiagros chegam como uma solução. Não representam uma competição com os bancos, com o Plano Safra, mas, sim, um complemento muito importante para o setor”, destacou o gestor.
O setor do agronegócio representa 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, um país de nível continental e que é marcado por desafios climáticos e de infraestrutura logística.
“Para fazer agronegócio, é preciso basicamente diversificação – tanto regional quanto dentro dos subsetores – e proximidade de precisar conhecer muito bem onde está entrando”, destacou André Barbosa, sócio da Kijani Investimentos, acrescentando que o setor espera um valor de produção bruta estimado em R$ 1,2 trilhão para 2023.
Neste sentido, Barbosa chama a atenção para o tamanho do segmento, que deve ser olhado como um todo. “Quando a gente fala do Fiagro, às vezes remetemos apenas ao produtor rural, mas precisamos lembrar que a cadeia do agro é bastante extensa. Ela vai desde uma indústria que produz os defensivos até a ponta em que se consome um alimento. Todos os elos da cadeia merecem atenção”, acrescentou.
Como analisar os CRAs de forma criteriosa?
Dentro dos Fiagros, os Certificados de Recebimento do Agronegócio (CRAs) são um tipo de investimento de renda fixa que têm como objetivo captar recursos para o segmento, tanto para pessoas físicas ou jurídicas, que usam esse dinheiro para comprar máquinas, construir silos, dentre outras coisas.
Para Felipe Greco, da Kinea, alguns fatores devem ser considerados na hora de analisar um CRA de forma consciente, sendo o primeiro deles o conhecimento sobre o setor. “Temos predileção por setores em que o Brasil é competitivo, como açúcar, etanol, café. São culturas que a gente sabe que o Brasil é bom. O outro ponto é a estrutura, justamente para conseguir os momentos de altas e baixas, além do prazo das operações”.
Por que investir em Fiagro?
Por se tratar de uma produto recente, com uma legislação datada do segundo semestre de 2021, o Fiagro acaba tendo uma representatividade relativamente baixa no mercado de capitais, sem contar com a competição com outros fundos, lembra André Barbosa, da Kijani Investimentos.
O gestor chama a atenção que o agronegócio é, talvez, uma das maiores vocações econômicas que o Brasil possui, com uma plataforma significativa de exportação de alimentos, além de uma das legislações ambientais mais modernas do mundo.
“A gente está literalmente na vanguarda tecnológica do agronegócio mundial. Se tem um setor que tá extremamente bem preparado, apesar de contar com pouco subsídio, esse setor é o agro. Eu acho que ele vai, aos poucos, construir o seu caminho no mercado de capitais”.
“O tamanho da indústria de Fiagros no Brasil hoje é de R$ 16 bilhões. Se você fizer uma comparação com o mercado imobiliário, a construção civil representa cerca de 7% do PIB nacional, enquanto a indústria de FIIs está por volta de R$ 210 bilhões. Isso mostra que a penetração do agronegócio no mercado de capitais ainda é pequena, tem espaço para crescer”, acrescentou.