FII BTRA11 pode vender fazenda após recuperação judicial; dividendos serão reduzidos
Após os arrendatários da Fazenda Vianmancel, que faz parte do Fundo Imobiliário BTG Pactual Terras Agrícolas (BTRA11), anunciarem que estão pedindo recuperação judicial na quarta-feira passada (22), as cotas do FII continuaram a cair, mesmo com posicionamento por parte da gestora.
A cota do FII BTRA11 fechou o pregão desta quinta (23) em queda de 3,11%, a R$ 82,28, após derreter 16% no dia anterior. O IFIX, principal índice de fundos imobiliários da bolsa de valores brasileira (B3), encerrou o pregão de hoje em baixa de 0,21%, aos 2.802 pontos, acumulando a segunda desvalorização diária seguida.
O BTG Pactual (BPAC11), gestor do BTRA11, divulgou ao mercado que o fundo pode ter uma redução temporária na sua distribuição de dividendos de R$ 0,22 por cota, devido às dificuldades apresentadas pelo locatário e antigo proprietário do terreno, caso o produtor não honre com os pagamentos relacionados à locação do espaço.
A administradora do fundo afirma que existem alternativas, como a substituição do atual inquilino ou mesmo a venda da fazenda.
“É difícil precisar em quanto tempo essa situação temporária será resolvida, mas enxergamos que a gestão deve trabalhar mais na frente de uma solução comercial do que em um embate jurídico”, aponta o comunicado.
O BTG destaca ainda que comprou a localização com desconto sobre o valor justo e a venda pode auferir 63% de ganho de capital.
BTRA11: relembre o que o aconteceu
Os arrendatários da Fazenda Vianmancel, do Fundo BTRA11, pediram recuperação judicial. O ativo, de R$ 81 milhões, representa aproximadamente 24% do patrimônio de R$ 342,2 milhões do FII BTRA11. A informação foi publicada primeiro pelo BP Money.
Nesta quarta-feira (22), o BTRA11 afundou 16,49%, cotado a R$ 84,92. Na abertura do dia, o valor era de R$ 101,69.
O BTG Pactual (BPAC11) celebrou um compromisso de compra e venda com Milton Paulo Cella, dono anterior da Fazenda Vianmancel, para a aquisição do ativo em agosto de 2021. No total, a transação adicionaria mensalmente R$ 0,22 por cota nos dividendos dos cotistas, na época do negócio.
Após o fechamento do mercado nesta quarta (22), o fundo divulgou um fato relevante reconhecendo o pedido de recuperação judicial realizado pelos arrendatários, mas que não detinha os autos do processo, já que a ação corre em sigilo. O BTG também informou que há outras ações judiciais movidas por um credor de Cella, que questiona a operação entre o fundo e o antigo proprietário. Em nota, a gestora afirma:
“A despeito de ainda não haver qualquer decisão definitiva a respeito do mérito, decisão liminar reconhece que os Imóveis são de propriedade do Fundo em decorrência de negócio existente e perfeitamente válido.”
Localizada em Nova Maringá, no Mato Grosso, a fazenda possui área total de aproximadamente 3.148 hectares e produz, majoritariamente de milho e soja. O fundo destaca ainda que, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a região liderava os rankings nacionais em produção de soja, milho, algodão dentre outros, no período da aquisição.
De acordo com fato relevante enviado pelo BTG Pactual no período, o objetivo é “a aquisição de terras agrícolas produtivas (rurais e urbanas) e em fase de transformação (oportunisticamente) localizadas nas principais regiões do território brasileiro”.
Saiba tudo o que está acontecendo com o fundo com o professor Baroni: