Fazenda do FII BTRA11 pede recuperação judicial; cotas despencam 16,49%

Os arrendatários da Fazenda Vianmancel, que faz parte do Fundo Imobiliário BTG Pactual Terras Agrícolas (BTRA11), estão pedindo recuperação judicial. O ativo, de R$ 81 milhões, representa aproximadamente 24% do patrimônio de R$ 342,2 milhões do FII BTRA11. A informação foi publicada primeiro pelo BP Money.

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Nesta quarta-feira (22), o BTRA11 afundou 16,49%, cotado a R$ 84,92. Na abertura do dia, o valor era de R$ 101,69.

O BTG Pactual (BPAC11) celebrou um compromisso de compra e venda com Milton Paulo Cella, dono anterior da Fazenda Vianmancel, para a aquisição do ativo em agosto de 2021. No total, a transação adicionaria mensalmente R$ 0,22 por cota nos dividendos dos cotistas, na época do negócio.

Após o fechamento do mercado nesta quarta (22), o fundo divulgou um fato relevante reconhecendo o pedido de recuperação judicial realizado pelos arrendatários, mas que não detinha os autos do processo, já que a ação corre em sigilo. O BTG também informou que há outras ações judiciais movidas por um credor de Cella, que questiona a operação entre o fundo e o antigo proprietário. Em nota, a gestora afirma:

“A despeito de ainda não haver qualquer decisão definitiva a respeito do mérito, decisão liminar reconhece que os Imóveis são de propriedade do Fundo em decorrência de negócio existente e perfeitamente válido.”

Localizada em Nova Maringá, no Mato Grosso, a fazenda possui área total de aproximadamente 3.148 hectares e produz, majoritariamente de milho e soja. O fundo destaca ainda que, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), a região liderava os rankings nacionais em produção de soja, milho, algodão dentre outros, no período da aquisição.

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De acordo com fato relevante enviado pelo BTG Pactual no período, o objetivo é “a aquisição de terras agrícolas produtivas (rurais e urbanas) e em fase de transformação (oportunisticamente) localizadas nas principais regiões do território brasileiro”.

No documento judicial, a solicitação foi feita por Milton Paulo Cella, Roseli Amália Zuchelli Cella e Vitor Augusto Cella, e o texto aponta um passivo de R$ 327,6 milhões.

“Requerem, inicialmente, o diferimento das custas processuais, ao argumento de que, tomando-se por base o valor da causa, o total das custas de distribuição perfaz a quantia de R$ 87.895,00, e que não possuem condições, ‘neste momento, de pagar integralmente o valor (…) sem prejudicar diretamente seu fluxo de caixa’. Alternativamente, pugnam pelo parcelamento, como previsto pelo Código de Processo Civil”, diz trecho.

Entretanto, outro documento judicial divulgado publicamente indica que haveria problemas socioambientais no ativo. Mas, em nota sobre a celebração do contrato, o BTG aponta que, após avaliação de especialistas em ESG, conseguiu identificar riscos.

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“Após vasta análise, além dos diferenciais positivos identificados no Imóvel, a Gestão verificou também passivos socioambientais no ativo; assim, a adequação de todos os pontos que não obedeciam aos parâmetros exigidos pelo Fundo foram direcionados em contrato como condições obrigatórias (indispensáveis) para a realização da operação, reforçando o viés ESG do Fundo”, diz o texto.

Na nota divulgada ao mercado em 2021, a gestora afirma que foi acordado, com Milton Cella, antigo proprietário, a ocupação do imóvel pelo período de 10 anos, com valor de R$ 741.500 mensais. Por fim, o relatório mais recente divulgado pelo BTRA11 afirma que possui cerca de 14 mil investidores.

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Victória Anhesini

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