O São Paulo Futebol Clube anunciou a criação de um Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) com o objetivo de reestruturar parte de sua dívida, principalmente com bancos. Esse movimento, voltado para o mercado de capitais, será acompanhado pela implementação de uma nova política de governança.
O fundo foi desenvolvido em parceria com as gestoras Galapagos Capital, que administra mais de R$ 21 bilhões, e OutField, especializada em estratégias e investimentos no esporte. A ideia é que os recursos captados pelo FIDC reduzam os custos financeiros e melhorem os prazos das dívidas do clube, concentrando o passivo em um único credor. O objetivo do fundo é levantar R$ 240 milhões, destinados a quitar dívidas antigas.
O balanço do São Paulo de 2023 aponta uma dívida bancária de R$ 217,5 milhões com cinco instituições, sendo R$ 78,6 milhões com o Bradesco (BBDC4), o maior credor. Os empréstimos para capital de giro vencem, em sua maioria, entre 2024 e 2025.
Segundo o presidente do clube, Julio Casares, o fundo do São Paulo será fundamental para sanear dívidas que afetam o fluxo de caixa, devido a juros altos e prazos curtos.
O fundo será composto por recebíveis de direitos de transmissão, naming rights e patrocínios, com cotas seniores e subordinadas, sendo que o São Paulo deterá as subordinadas e as seniores terão garantias adicionais.
Pedro Oliveira, sócio-fundador da OutField, comenta que essa estrutura é comum nos EUA e está sendo adotada no futebol brasileiro, como uma resposta ao alto endividamento dos clubes, apesar do aumento nas receitas.
Em 2023, o Cruzeiro já havia criado um FIDC semelhante, mas foi liquidado após a revenda do clube. Para 2024, o São Paulo planejava melhorar o perfil de sua dívida bancária para aumentar os investimentos no futebol. Andrea Di Sarno, sócio da Galapagos Capital, ressalta que o fundo ajudará a melhorar a saúde financeira do clube, liberando recursos para serem investidos no desempenho esportivo.