O mercado de Fiagros (Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) alcançou um marco significativo em fevereiro, ultrapassando pela primeira vez a marca de 500 mil investidores, como revelado no relatório mensal da B3. Para investidores interessados em apostar no agronegócio, é crucial considerar requisitos como a maior diversificação de ativos e a liquidez, tendo em vista minimizar riscos.
Somente em 2023, os Fiagros registraram captação líquida de R$ 3,8 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O patrimônio líquido dos Fiagros cresceu 72% entre 2022 e 2023, de R$ 11,9 bilhões para R$ 20,5 bilhões.
“A expressividade dos Fiagros no mercado de capitais vem crescendo rapidamente. O potencial é enorme, e a consolidação desses fundos reflete a importância do agronegócio para a nossa economia”, afirma Sérgio Cutolo, vice-presidente da Anbima, sobre os números.
Com perspectivas positivas para o futuro, os Fiagros demonstram grande versatilidade e potencial para atrair ainda mais investimentos para o setor, tornando o agronegócio uma oportunidade atrativa de investimento, afirma Amanda Coura, analista da Suno Asset.
No entanto, de acordo com Coura, antes de investir, o investidor precisa considerar o risco, retorno e liquidez dos produtos, em uma análise semelhante aos demais tipos de FIIs.
Em 2023, alguns Fiagros tiveram que comunicar aos seus cotistas sobre a falta de pagamento de credores, um evento que, embora proporcionalmente pequeno dentro do mercado de agronegócio como um todo, destaca a importância dos cuidados que o investidor deve ter ao alocar seus recursos.
“É importante, no entanto, ter cuidado ao investir, buscando operações com uma relação positiva de risco/retorno, garantias adequadas e estruturas bem elaboradas, a fim de evitar riscos desnecessários. Com atenção a esses aspectos, o setor oferece ótimas opções de investimento”, diz Coura.
Fiagros: O que o investidor precisa analisar na hora de investir ?
Os Fiagros são, em sua maioria, perfis de FII expostos ao risco de crédito. Por isso, diz Coura, é importante que o investidor compreenda o perfil de risco dessas operações, observando critérios como diversificação, composição de garantias e perfil dos devedores.
Em relatório recente, a Guide aponta que o cenário de risco de quebra de safra faz com que fundos muito concentrados em alguma região ou cultura ofereçam maior risco. Portanto, a gestora recomenda que as melhores opções são fundos maiores, mais diversificados, tanto em termos geográficos como em termos de indexadores e produtos agrícolas envolvidos.
Vitor Duarte, CIO da Suno Asset, destaca que é importante os investidores avaliarem os ativos que os fundos carregam, relacionando as taxas com o grau de risco. Ele ressalta que uma taxa mais alta está associada a um maior risco e aconselha a escolha de fundos que possam lidar bem com períodos de turbulência. Duarte menciona que alguns Fiagros enfrentaram problemas com Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) devido à compra excessiva de risco, enquanto os Fiagros mais conservadores se saíram melhor durante a crise.
Retorno dos Fiagros
De acordo com Coura, o retorno do veículo deve ser condizente com o perfil de risco da carteira (high yield / risco elevado ou high grade / menos arriscado). Sendo que um retorno consistente traz menor volatilidade para a posição.
“Então, para valer a pena o investidor correr esse risco mais elevado, o fundo teria que pagar um retorno maior”, cita Coura.
Liquidez
Outro ponto é a liquidez do fundo no mercado secundário, critério essencial para que o investidor consiga montar posições, manter a dinâmica de reinvestimento e até mesmo ter uma “saída” rápida em momentos de necessidade.
Perfomance
A analista da Suno Asset também alerta que é importante comparar o retorno de diferentes períodos, não apenas de um mês, para analisar o desempenho histórico. “Busque comparar com outros fundos de risco e perfil semelhante, além de um indexador de mercado compatível com a carteira de ativos.”
Time de Gestão
Por fim, um time de gestão que entenda do setor agro é fundamental para garantir uma busca constante por ativos de qualidade e uma gestão eficiente da carteira. Isso inclui análises robustas de crédito e informações completas e profundas sobre as teses de investimento.
Conforme relata Coura, um dos pilares da Suno Asset é a transparência. Nos relatórios gerenciais, a gestora busca trazer todo detalhamento da carteira, citando as operações e estratégias de diversificação envolvidas.
“Isso traz segurança para o investidor, que conhece realmente no que está investindo. Além disso, do pilar de transparência, o time de gestão desenha as operações aqui do zero, avaliando todos riscos que estão sendo colocados dentro da carteira do fundo, de olho na estabilidade de rendimentos”, explica Coura.
Quais são as vantagens dos Fiagros ao investidor?
Os Fiagros são fundos associados ao agronegócio, um setor historicamente resiliente a crises. Durante a crise sanitária da Covid-19, o agronegócio foi o único setor a registrar crescimento no Brasil em 2020.
Segundo Amanda Coura, o agro tende a se sair bem em cenários turbulentos, pois é essencial para o Brasil, gerando forte demanda e crescimento constante, mesmo em momentos de queda ou oscilação do mercado.
Além disso, os Fiagros têm regulamentação semelhante à dos fundos imobiliários, sendo isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas. Esses fundos também geralmente distribuem resultados recorrentes para os investidores.
Uma das vantagens de investir em Fiagros, em comparação com LCAs e CRAs, é a possibilidade de os pequenos investidores se exporem ao agronegócio de forma diversificada e com custos menores.
Com cerca de R$ 100, já é possível adquirir cotas de Fiagros, que por sua vez podem ter seu patrimônio investido em uma carteira diversificada de ativos. Isso difere da aquisição direta de CRAs ou LCAs, onde a diversificação é limitada.
SNAG11: transparência é essencial para atingir os resultados, diz analista
Nos relatórios gerenciais, Coura afirma que a Suno Asset busca trazer todo detalhamento da carteira, citando as operações e estratégias de diversificação envolvidas. A Suno começou a incluir nos relatórios do seu Fiagro, o SNAG11, o perfil de risco da carteira, com análises elaboradas pela Serasa Experian sobre os lastros desses títulos. A gestora defende que essa prática deveria ser adotada por outros fundos para aumentar a transparência na indústria.
O SNAG11 é o primeiro Fiagro híbrido do Brasil, resultado de uma parceria com a Boa Safra Sementes (SOJA3). O fundo tem uma gestão ativa que busca investir de forma ampla nas cadeiras do agronegócio. Assim, a política de investimento do fundo permite que ele explore atividades de natureza imobiliária e também as atividades associadas à produção do setor. O começo das atividades foi em julho de 2022.
Desde então, a liquidez do SNAG11 chegou a ser uma das maiores entre os fundos desse tipo, com um crescimento relevante de seu valor patrimonial em R$ 502,9 milhões. Atualmente, o fundo tem mais de 70 mil cotistas.
“A gente soube escolher nossos parceiros, com players pouco arriscados e com um bom risco de crédito. Além disso, nossa gestão é uma gestão muito transparente. Estamos sempre trabalhando para ter materiais que compartilham as melhores informações para os nossos investidores”, afirma Gustavo Branco, analista da Suno Asset.
SNAG11 tem melhor risco/retorno do segmento
Outro detalhe do SNAG11 é o risco/retorno adequado, com devedores de maior confiança, sem deixar de lado o retorno adequado ao cotista. O SNAG11 aparece com a melhor relação entre risco e retorno dos 10 maiores Fiagros da história em patrimônio, considerando as métricas do Índice de Sharpe calculadas pela Economática.
O Fiagro SNAG11 registrou um Sharpe de 0,71, superando em 57,78% o segundo colocado, RURA11, quando foram calculadas a métrica em 2023.
Além disso, dados da Agro Score da Serasa Experian, que indicam a probabilidade de inadimplência de um produtor rural pessoa física, mostram que o fundo manteve equilíbrio sólido entre risco e retorno. Cerca de 85,4% do portfólio do fundo tem um risco ESG baixo.
“SNAG11 é um dos Fiagros voltado a longo prazo, então o fundo é um excelente investimento a longo prazo, construímos o fundo para isso, com a estratégia de risco/retorno adequada”, conclui Branco.